Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Na manhã do domingo tomo
a rua Jaguarari no rumo da capela na sede do Corpo de Bombeiros para a missa
das 8h30. No cruzamento da rua com a Bernardo Vieira o menino louro, magro,
sujo, parecendo estar ali pelos 12 anos, pede dinheiro entre os carros
apontando para o estômago, anunciando fome. Neguei-me à ajuda, temendo que a
moeda se somasse a outras e parasse em mãos criminosas.
Na capela e na homilia o
frade celebrante fala em caridade, jogando na cara da assembleia a cobrança:
“Quantas vezes passamos diante de alguém
necessitado e seguimos sem qualquer gesto solidário”. Me veio a imagem
do menino, inquilino antigo daquele cruzamento de ruas, rosto denunciando
marcas que lhe mostram mais envelhecido e pelo qual passei sem deixar qualquer
gesto.
Guardei as palavras do
frade, fiz o caminho da volta imaginando uma ação que mostrou-se medíocre: na
padaria, comprei alimentos. Fui entregar-lhe, não aceitou. O organismo não
pedia comida, seu combustível era outro. Qual o gesto solidário, então? Decidi
escrever estas linhas-denúncia.
Apenas umas poucas
linhas sobre o mesmo tema que se repete todos os dias nos meios de comunicação.
Resolve? Fiz minha
parte? Sei lá...!
Domingão aperreado.
*Texto publicado na coluna do jornalista no Novo
Jornal
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