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sábado, 12 de outubro de 2013

O que você quer quando crescer?

Por Albimar Furtado*
Jornalista albimar@superig.com.br
 
Na visita que fiz por esses dias ouvi a tia perguntar ao sobrinho de seus cinco, seis anos: quando você crescer vai ser o quê? Foi a senha pra que repassasse em mim as mil e uma coisas que eu pensei ser ao crescer. Hoje, olho o retrovisor e nele não há qualquer sombra da realização dos meus desejos. Moleque em meus 10 anos, jogando pelada nas ruas areadas do Tirol (Djalma Maranhão não tinha ainda assumido a prefeitura) sonhava ser goleiro do ABC.
 
Me contentei em ver Ribamar e Erivan defender bolas impossíveis. Depois, sucedendo-se nos ouvidos as vozes de Dick Farney, Agostinho dos Santos, Luiz Cláudio e etc e etc, tudo saindo dos sulcos dos velhos e ainda atuais LPs, pensei: vou ser cantor. Ou músico porque também ouvia o bandolim de Jacob, a flauta de Altamiro Carrilho, o cavaquinho de Waldir Azevedo, o violão de Carlos Lyra e etc e etc. Nas aulas do Ginásio 7 de Setembro as notas na matemática de William e na Geografia do professor Coutinho eram ridículas. Mas eu não faltava às aulas de música da professora Natércia, com notas das melhores nas provas escritas. Na prática, o desafinado mostrava a cara. Ou a voz destrambelhada. Fim de linha.
 
Andei pensando em dar braçadas no mar, nos açudes e nas piscinas. Decidido em fazer a travessia, a nado, do cais da Tavares de Lira à Redinha, nos tempos em que não havia outro caminho para se chegar à praia no lado oposto ao Potengi. Tudo parou no tiro certeiro e irônico de Abmael Morais ao ouvir esta minha meta: “Você? Com este físico de jogador de dama e gamão não atravessa o Poço do Dentão”.
 
Parei de tomar banho de mar, passo longe dos açudes e só voltei à Redinha quando Cortez Pereira, em seu governo, pavimentou a estrada que leva àquela praia. Fui de carro. Repórter de jornal viajei na ilusão de em algum momento escrever um livro, mas consciente de que precisaria ter uma boa caminha, ainda. Até o dia que encontrei o texto de Joanilo de Paula Rego sobre Natal. Não era somente palavras sobre páginas de papel. Tinha ritmo, era música.

Na imaginação surgiam imagens, era fotografia. Era linda, era mulher. Natal maravilhosamente bela. Era verso, era prosa. Olhei pro meu texto, era nada. O talento não me acompanhava. Parei. Olho de novo o retrovisor do tempo e vejo Erivan, Chico Januário, Joanilo e Eduardo Gaag, amigos com os quais convivi. No trabalho e pelo talento deles, me conformo. Lembro, ouço, leio e bato palmas.
 
*Texto publicado na coluna do jornalista no Novo Jornal
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