Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Tive que chegar aos 6.8 para ver as imagens em
branco e preto de um mestre dando aulas de futebol no Maracanã e no Pacaembu.
Um sonho antigo. Mestre como poucos, Mestre Ziza, Zizinho. Sou Bangu de antes
de Parada, Paulo Borges e Bianchine. E de Zózimo. Influência do irmão Amarílio.
Sou das antigas, do ataque com Djalma, Vermelho, Zizinho, Menezes e Nívio. Do
timaço formado pelo Dr. Guilherme da Silveira, médico e dono da fábrica Bangu.
Menino, nos finais de semana eu ficava no pé do rádio Pilot ouvindo a narração
entusiasmada dos homens da Rádio Tupi. Sofria, o Bangu era um excelente time
mas não tinha vocação para liderar o campeonato. No currículo do time apenas a
conquista de 1933 e muitos segundos lugares. Parecia gostar de ser vice.
Vi agora, no Museu, as imagens do Mestre Ziza.
Aquele mesmo, responsável pelos meus delírios nas peladas no areal da rua
Mossoró (antes de receber calçamento), com bola de borracha, pensando em
repetir suas jogadas. Logo eu, um perna de pau que era sempre um dos últimos escolhidos
no par-ou-ímpar. Na minha imaginação e no meu desejo, eu repetiria as jogadas
de Zizinho que no rádio eu ouvia o narrador repetir, empolgado, que eram obras
de um Mestre. Para minha profunda frustração, os companheiros de time acabavam
apelando para que eu fosse jogar no gol. No ataque eu nada produzia.
Dezenas de anos depois, vi nas telas de TV do Museu
as muita jogadas, os muitos gols de Zizinho. Gols pelo Flamengo, Bangu e São
Paulo, time a quem deu um campeonato, mesmo em final de carreira. Gols pela
seleção brasileira. Pelas imagens, compreendi o entusiasmo dos narradores de
rádio anunciando suas arrancadas, passes, lançamentos, futebol em alto grau.
Para matar as saudades, também ouvi as gravações das transmissões por rádio.
Depois de ver tudo, compreendi a afirmação de um
comentarista inglês, opinando sobre a maior injustiça de todas as copas. Disse
ele: “Foi um time, que tinha um mestre chamado Zizinho, não ter sido campeão”.
Remetia sua lembrança a 1950.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no Novo Jornal [Leiamais]
Obrigado, Bosco, pela republicação do texto desse craque do jornalismo potiguar - e meu mestre - Albimar Furtado.
ResponderExcluirUm abraço
Roberto Homem
Grande Albimar, também minha escola!!!
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