Parece que foi ontem
Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Jornalista ▶ tarcisiocavalcanti@bol.com.br
Algumas pessoas sabem, mas talvez não lembrem. A
maioria ficará sabendo agora.
Neste mês de abril de 2013, estou celebrando 15 anos
do diagnóstico de um tumor cancerígeno no céu de minha boca.
Eu já havia enfrentado duas capotadas de automóvel
além de dificuldades menores mas, ainda hoje, não tenho dúvida, aquele foi o
maior golpe, o maior nocaute, a maior porrada,
que sofri em toda minha vida.
Só Deus, eu e pessoas que enfrentaram momento idêntico
podemos imaginar a sua dimensão real.
Não consigo determinar por quanto tempo, mas, no
primeiro momento, senti-me completamente acabado.
Estava no fim. Os 54 anos que eu tinha vivido até
então, eram como se não tivessem durado
mais que uma fração de segundo.
Por que? Por que?
Lembro-me de ter feito essa pergunta repetidas vezes
para a minha fé:
Por que? E agora?
Foram momentos duros e difíceis; de intenso
sofrimento solitário e, também, mais
doloroso ainda, compartilhado com pessoas
muito queridas – familiares e amigos.
Entreguei-me na mão de Deus.
O certo é que, 15 anos depois, estou aqui contando a
história com final feliz.
Não posso deixar de dar graças a Deus todos os dias,
sentindo imenso prazer e a mais intensa alegria de poder proclamá-las.
Aliás, o certo mesmo era poder fazer essa
proclamação não apenas todos os dias, mas em cada momento da minha vida.
Hoje, tenho a mais plena consciência de que nesta
vida nada nos pertence. Nem ela própria. É como se fosse um bem emprestado que
tivéssemos recebido, sem data certa de vencimento. No dia em que achar
conveniente, vem o dono e a pede de volta.
O câncer me fez entender melhor determinadas lições
que encontrei no evangelho.
- De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a “sua” vida?
Há 15 anos, quando adoeci, o mesmo aconteceu com
personalidades mundiais – inclusive um rei, um político de grande influência e
celebridades do mundo artístico. Praticamente, tivemos que nos tratar juntos.
Ou seja: Se a sobrevivência dependesse de dinheiro e
poder, de todos, as minhas eram as menores chances. As mais remotas. Mas, aqui
estou.
- Por que?
Não sei. Só Deus sabe. Por isso, não me canso de lhe
pedir que me torne digno de cada novo dia que me concede.
*Texto publicado na
edição desta quarta-feira (10), do NOVO JORNAL
JBAnota – Gostaria de fazer esse breve
comentário porque estimo Paulo Tarcísio como um irmão, não apenas um
companheiro, um colega de jornada, na verdade somos irmãos como cristãos, e por
isso tomei a liberdade de dizer na chamada da postagem “Uma história pessoal, de céu, de vida!”, talvez ele até possa pensar que
estou querendo dizer que ele esteja se vangloriando de tudo isso, mas, ao meu
entender, ele está vivendo esse céu por
Deus ter lhe contemplado saúde e vida. Que Deus Pai te abençoe, amigo, e
celebre mesmo como se fosse um novo aniversário. Uma divina celebração!
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