Por Flávio Rezende*
Ao retornar para casa, no fim da tarde, gosto de
sintonizar o rádio numa FM para saber as notícias do dia, uma vez que sempre
absorto em atividades diversas, na maioria das vezes não fico sabendo o que está
rolando no planeta que habito com renovado prazer.
Hoje temos uma grande variedade de programas,
migrando a FM de espaço exclusivo de música, para um mosaico de muitas coisas,
notadamente piadas, futebol, política, religião e comentários.
Vários programas apresentam comentaristas diversos
e, alguns, pródigos em fácil verbalização de análises, conseguem fixar nossa
atenção, devido a uma perfeita junção de frases de efeito com entonação de voz
e, domínio do assunto eleito para aquele momento.
O danado é que as análises muitas vezes convergem
para uma confiança absoluta de que o dito e o previsto, vão acontecer, nos
levando a crer, devido ao enfeitiçamento em que somos mergulhados no caldeirão
das capacidades apresentadas pelo analista, de que, de fato, o dito vai ser o
futuro.
O tempo passa e, a realidade, teimosa que só ela,
mostra um presente totalmente diferente e, tudo o que foi analisado e dito como
caminho natural do pensado, não se traduz, frustrando o ouvinte e, encaminhando
sua própria análise do analista e futurista, de que o mesmo tem mesmo é muita
lábia, lero-lero, grande capacidade de expressar pensamentos, mas que suas
colocações não passam de orgasmo mental.
Isso acontece com muitas pessoas. Elas começam a
falar e essa capacidade que tem, além de causar admiração nos que estão
próximos e naqueles que estão ouvindo através da mídia, também as embriaga, a
pessoa passa a curtir a si mesma, se achar muito capaz, inteligente, ai começa
a misturar zuada de lambreta com zero na caderneta, entrando num oito que deixa
todo mundo extasiado, mas, que não passa disso, um vai e vem de frases fiadas
sob o manto de um tema, que no fim, não produz um vestuário e, sim, um farrapo
oratório.
Encontramos também esses analistas sem resultado
concreto no futebol. O cara faz um comentário esculhambando o time e dizendo
que da maneira que está o escrete não vai a lugar nenhum, ai no segundo
seguinte, o mesmo time que não prestava para nada, começa a fazer gols, com o
comentarista mudando da água para o vinho e, intitulando aquele mesmo time, de
esquadra, seleção, timaço.
Essa é a vida, imprevisível, que parece não gostar
de ser adiantada, preferindo acontecer como ela é, no momento, fugindo de
regras, de paradigmas e, revelando a todo instante que não adianta falar bonito
e citar grandes pensadores, afinal a única coisa que não muda, é que tudo muda
e, a própria mutação como lei universal, não permite que no presente, possamos
seguramente, querer saber o futuro.
*É escritor, jornalista e
ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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