Por Albimar Furtado*
Jornalista ▶ albimar@superig.com.br
Estamos cansados de saber que a seca maltrata,
fustiga, faz sofrer. Mas a cada repetição ela nos incomoda, mesmo vivendo o
conforto da capital. No final de semana os jornais trouxeram uma panorâmica do
que já chamam de uma das maiores secas vividas pelo Estado. Um balanço completo
levantado a partir da Expedição Retratos da Seca, coordenado pela Federaão da
Agricultura. Seca danada. Tintas fortes e imagens reveladoras a confirmar tudo
o que estava no texto. Como deve ser no bom jornalismo.
Vi a fotografia de Ney Douglas. Não tinha nela o
gado esquálido, nem algum boi sustentado por armações para se manter de pé. Não
havia o animal morto ou a carcaça do que restou. A foto mostrava a plantação de
cajueiros, pés sem frutos e sem folhas. Galhos secos enfileirados, exibindo o
capricho de quem os plantou esperando a safra e o ganho que dela viria na
comercialização da castanha. A perspectiva apresenta os cajueiros, ou que
restou deles, enfileirados e visíveis até onde a vista alcança. Chão
denunciando que há tempos não recebe água. Foto reveladora do estrago e da
extensão da seca se prolongando no tempo.
Mas li também, na quarta-feira, o texto de Silvio
Andrade, “A alegria no sertão arcaico”. Olhar atento do bom repórter, o detalhe
enriquecendo a escrita. Diz que viu, ouviu e sentiu os grandes e médios
proprietários mas identificou, em meio a eles “...os pequenos tão grandes de
espírito que não dá pra definir com palavras”. E neles descobriu,: “Mais que
lamentações por causa da seca, eu ouvi esperanças”. Registrou ações indicadoras
de tal comportamento. Lições pra todos nós daqui. Pelo texto de Sílvio percebi
que a seca, mesmo avassaladora, estraga muito, mas não domina tudo.
*Texto publicado na coluna
do jornalista no NOVO JORNAL
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