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terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Artigo de François Silvestre sobre a profecia do fim dos jornais de papel

Página de papel
 
Por François Silvestre* - fs.alencar@uol.com.br
 
Há uma profecia sobre o fim dos jornais de papel. Há quem afirme ser inevitável o fim dos jornaleiros, a morte romântica da primeira forma democrática de acesso universal à informação. Dos primeiros éditos públicos, lidos na praça, para informar decisões soberanas ou leilões de bens incorporados ao patrimônio público por deserção sucessiva ou punição patrimonial; da invenção do tipo impresso, o jornal foi o mais mimoso rebento da democracia.
 
O maior inimigo dos tiranos. O maior aliado dos tiranos. Às vezes, apoiador de golpes de Estado; como ocorreu ao “legitimar” a quartelada de 1964 e dela tornar-se vítima, para voltar ao estuário natural de guardião das liberdades públicas.
 
Essa conversa de fim do jornal no papel, na sua forma sensitiva do tato, sujando os dedos de tinta, quando mal saído do forno da redação, parece repetição de outras profecias de calendas e calendários.
 
Uma delas foi o fim do circo, após nascer do cinema. O circo morreu, mas o óbito não foi culpa do cinema. Ambos viveram juntos por muito tempo. Um fixo, nas ruas de cidades médias e vastos nas cidades grandes. O outro, mambembe na poeira das estradas, baixando a tenda de festa nas bibocas guardadoras das esporas cão.
 
Os cinemões das ruas morreram. Encurralados agora nos shoppings ou recintos restritos. Nas cidades médias simplesmente sumiram.
 
No centro de São Paulo, região de Santa Cecília até a Bela Vista, do Arouche ao Paissandu, havia uma infinidade de cinemões. Olido, República, Ipiranga, Ouro, Ritz, São João, Comodoro, Galeria e mais outros. Só resta o Marabá. Se é que ainda resta. Viraram igrejas, na feira dos milagres.
Profetizaram o fim do rádio, após a televisão. Caíram do cavalo; o rádio taí.
 
Destino triste tiveram as publicações dos “Diários Associados”, império jornalístico de Châteaubriant e mantido depois dele por muito tempo. Dentre os finados está o Diário de Natal, que dominou a cena noticiosa no Estado, sob a regência de Luiz Maria Alves. Escola de redação que formou inúmeros jornalistas, alguns ainda em atividade.
 
Um hábito daqueles tempos, cá na província, de não circularem os jornais às Segundas-Feiras, é mantido ainda hoje. Tanto que um semanário foi criado só para esse dia.
 
Quem apostou que este Novo Jornal seria apenas uma publicação circunstancial, fruto de um momento eleitoral, quebrou a cara. Quando vou a Natal, ouço, por onde ando elogios à criação de Cassiano. Comprovantes do sucesso e êxito do Novo Jornal.
 
Não tenho acesso ao jornal de papel, sou de longe. Pela net, leio-o das Terças aos Sábados, a página Opinião não é atualizada aos Domingos e eu perco o direito de lamber a cria.
 
Viva o papel, a tinta largada e o jornal velho para embrulhar vidros e não quebrar ovos. mais.
 
*Texto publicado no NOVO JORNAL
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