--- Walter Medeiros* – waltermedeiros@supercabo.com.br
Uma noite de música memorável. Um passeio numa
trilha musical de surpreendente primor. Assim podemos definir em pequena parte
o espetáculo liderado pelo cantor potiguar Rodolfo Amaral em 17 de janeiro de
2013 no Teatro Riachuelo. Um palco que não é para qualquer um, que foi ocupado
em toda sua magnitude por ele e seus convidados Ângela Rô Rô e Glorinha
Oliveira. Todos acompanhados por um grupo de músicos de alta qualidade.
A apresentação de Rodolfo Amaral envolve incontáveis
gestos da história da nossa música, aliados a melodias que atravessaram épocas
e se juntam a outras que têm menos tempo de compostas, porém trazem a impressão
de que teriam vindo de priscas eras. Assim ele faz uma síntese de canções de
repercussão universal, algumas do romantismo e da fossa, outras da saga
popular, e finda sendo aplaudido de pé pelo teatro lotado de gente de todas as
idades, inclusive meu sogro, de 96 anos, a quem observei várias vezes
aplaudindo com entusiasmo.
Nova roupagem para “Súplica cearense”, bela
performance com o fado “Casa das Mariquinhas”, estonteante interpretação de
“Brasileirinho”, emocionante sutileza em “Ne me quitte pas” e a retumbante
releitura de “Fera Ferida” surpreenderam a muitos que viram pela primeira vez o
novo astro da música surgido em terra potiguar. Tudo isso somado aos momentos
inesquecíveis em que cantou com Glorinha Oliveira, mulher de história ímpar no
cancioneiro brasileiro, e Ângela Rô Rô, que comprova o sucesso que começa a
fazer e sem dúvida fará no cenário nacional.
Por um momento ele teve de relatar a triste situação
pela qual passou em 2012, quando foi a uma consulta médica e saiu de lá com uma
paralisia facial, vítima de um erro médico que chocou, preocupou e ameaçou a
sua carreira de cantor. O problema está no âmbito da Justiça. Quanto ao
artista, as dúvidas foram tiradas na sua apresentação, que teve uma produção
primorosa, digna dos grandes astros da música, dos grandes palcos e das grandes
platéias.
Conhecia Rodolfo Amaral das suas apresentações e
entrevistas na TV. Desde a primeira música que o vi cantando percebi que se
tratava de um fenômeno. Apesar do contratempo acima referido, sua carreira será
muito além do que almejam alguns iniciantes. Natal terá de aceitar a sua ida
para outros centros, onde já se vislumbram portas que se abrem para ouvi-lo e
encontrar nele uma nova voz digna do seu espaço no meio artístico.
Enquanto saía para o estacionamento, ouvia as
opiniões espontâneas do público: “muito bom”, “ele é eclético”, “dinivo”,
“maravilhoso”, “emocionante”. O próprio Rodolfo Amaral disse que considerava
aquela momento o seu “réveillon”. Reveillon que vem depois de um período tão
difícil de tratamento e que deságua nada mais nada menos que no maior palco que
poderia encontrar em solo potiguar e, para sua maior emoção, com o casarão
cheio e aplaudindo de pé.
*Jornalista
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