Jornalista
Ainda estou muito chocado com a morte do nosso
colega e amigo Eduardo Felipe. Fotógrafo dos bons, melhor ainda repórter
fotográfico. E mais ainda amigo, companheiro e figura humana.
Lembro-me de umas experiências inesquecíveis juntos.
Como quando fomos para Currais Novos fazer uma matéria e o carro derrapou na
areia fina que tinha ficado na pista depois da chuva. O Scort, com a direção
frouxa, sobrou na curva e desceu numa ribanceira cheia de mato e pedras
enormes. Estávamos com o "burro a motor", o repórter Osvaldo Viviane,
como o chamava Eduardo Felipe. Um susto enorme. Um caminhão que passava pelas
redondezas nos resgatou com uma corda, puxando o veículo.
Lembro-me também de quando, ao ver inesperadamente
um acontecimento importante, já por volta das 23h, fui à sua casa, na rua
Tabapoã, no Pajuçara, na Zona Norte, e o chamei para fazer o flagra
jornalístico. Não se opôs. Muito pelo contrário. Pegou a máquina e registrou um
dos maiores e mais deprimentes acontecimentos político-religioso, envolvendo
figuras importantes do governo do Estado e da Assembleia Legislativa de então:
o governador José Agripino, em plena campanha eleitoral, distribuindo
ambulâncias à Assembleia de Deus, no Alecrim, com as presenças do deputado
estadual e presidente da AL Raimundo Fernandes, que havia "devolvido"
o dinheiro da AL “economizado” para o Estado e na loja de quem (RF Veículos)
com esse dinheiro o governo Agripino havia sido adquiridas as ambulâncias.
Presentes outros políticos, como Vivaldo Costa e o pastor-político Antônio
Jácome, também em campanha. Eduardo flagrou Zé Agripino, com aquela pose,
fumando em pleno interior da igreja principal dos protestantes do RN. Um
sacrilégio.
Tenho várias outras e inesquecíveis histórias
vividas com o "Negão", como ele mesmo costumava se chamar e todos
assim carinhosamente o tratavam. Mas gostaria de apenas registrar que, quando
fui colaborar com Marcos Aurélio, em O Jornal de Hoje, sendo uma espécie de
diretor de redação, logo no começo do jornal, e a empresa precisou de um
fotógrafo, fui novamente à casa dele e o convidei para ocupar o cargo.
Apresentei o nome dele a Marcos, dei o meu aval pessoal e Marcos o contratou.
Eduardo ficou ali por dez anos até ser acometido por uma doença terrível que o
obrigou a se afastar e agora vir a falecer.
Era um cara novo ainda para ser tão covardemente
atingido e ceifado desta vida. Mais que isso: era alegre, jovial, disposto,
irradiava luz. Um grande companheiro, amigo leal e amante notável da família,
especialmente de sua esposa Emília e de sua filha Rayane, da qual sempre nos
falava com um contagiante amor e uma visível paixão. Lamento profundamente a
perda desse nosso querido amigo e grande profissional da imprensa, que merecia
até uma homenagem e reconhecimento. Rezo para que Deus lhe abençoe, guarde-o
num bom e merecido lugar e dê conforto e muita fé para sua esposa Emília e a
sua querida filha Rayane.
Adeus, Edu.
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