Por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
O tempo passa e voa, mas o Atheneu está longe de
permanecer numa boa. Neste espaço da quarta página do Novo Jornal já escrevi,
está perto de completar dois anos, que cupins devoravam os arquivos do velho
colégio, documentos que compõem sua história. Vi agora, na edição da
quarta-feira deste mesmo jornal, na Roda Viva de Cassiano Arruda, que o
jornalista Gerson de Castro inicia um movimento junto a ex-alunos em favor do
colégio de quase 180 anos.
Ex-aluno que sou e que por lá passou, entre
corredores, salas de aula, biblioteca e laboratórios, sete anos de muito
aprendizado e fazendo amigos, exultei. É tempo de devolver prestígio e
dignidade ao velho colégio de Câmara Cascudo, de José Augusto Bezerra de
Medeiros, de Luiz Maranhão. Há uma unanimidade em se reconhecer a importância,
a história, o que representou o Atheneu na educação da juventude potiguar. Mas
não se enxerga, no poder público, uma política voltada para recuperar a
natureza vanguardista da escola de Pedro Velho, Celestino Pimentel, de Alvamar Furtado.
Desde sua criação o Atheneu foi abrigado num quartel
de polícia, em prédio na Junqueira Ayres, até chegar à Campos Sales, na década
de 50, num projeto arquitetônico incomum de João Vítor de Holanda, que lhe
conferiu uma forte marca. Ainda na nova sede e nos primeiro anos 70, segurou
seu prestígio. Olindina Gomes, Angélica Moura e Crisan Siminéia eram
referências de educadoras que passaram pela direção do colégio e deram a ele a
garantia de um bom ensino.
Mas o tempo passou, o ensino perdeu a prioridade nas
políticas públicas e os alunos, incluindo aqueles de famílias de elite que
pretendiam vestir a farda verde e branca, já não olhavam para o velho Atheneu
com o mesmo desejo. O brilho já não era o mesmo, a curva de sua história,
medindo sua importância, entrou em declínio. Vive, agora, de esperanças a cada
quatro anos, em tempos de campanha política. Nestes tempos o Atheneu é
lembrado, é chamado de emblemático, promete-se um projeto especial pra ele. E
nada. Chega agora o aceno de Gerson de Castro. Mais do que uma certeza de
recuperação trata-se de um aceno forte anunciando que o cidadão deseja e quer
um ensino público de qualidade e que o Atheneu, por ser emblemático, pode ser o
ponto de partida. Falta às autoridades desses momentos que ciclicamente se
repetem, desejar e querer.
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