À
esquerda, foto feita por Sebastião Salgado em 1996;
à direita, Joceli hoje, em
acampamento do MST
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Aos cinco anos de idade, Joceli Borges foi retratada
pela famosa câmera de Sebastião Salgado ao lado dos pais, que peregrinavam pelo
interior do Paraná em busca de um lote de terra. Aquele rosto sujo de olhar
provocativo virou capa de livro e ganhou espaço na mídia, em museus e em
galerias do Brasil e do exterior.
Passados 16 anos, a jovem de 21 anos continua uma
trabalhadora rural sem terra. Vive com o marido e a filha em um acampamento do
MST e diz ter dois sonhos: um lote e dois exemplares do livro que espalhou sua
imagem mundo afora. “Um pra mim e outro pro meu pai.” O livro “Terra”, com o
rosto de Joceli na capa, foi lançado em abril de 1997.
Além de uma centena de fotos em preto e branco do
meio rural brasileiro, o trabalho traz texto de José Saramago e vem acompanhado
de um CD com músicas de Chico Buarque. À época, os sem-terra marchavam pelo
país para lembrar o primeiro aniversário do massacre de 19 sem-terra em
Eldorado do Carajás (PA), invadiam propriedades aos montes e colocavam a
reforma agrária em destaque.
Hoje o tema sumiu da agenda do governo federal, e,
muito por conta da consolidação do Bolsa Família, os sem-terra não têm mais
aquele exército de militantes. [Fonte:
Paulo Cezar Farias /Folha de São Paulo]
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