Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Jornalista
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Antigamente, em recantos interioranos por onde
andei, quando algo não dava certo; ou quando em vez de melhorar, piorava, um
velho amigo que já viu muitas coisas na vida e não se acostumava com o que via
de errado, sempre sentenciava quando provocado:
- Tá igual à cantiga da perua. É de pior a pior.
Confesso que desconheço o verdadeiro significado
dessa expressão. Mas, dá pra compará-la, sem nenhuma dúvida, com a realidade
que estamos enfrentando no dia-a-dia brasileiro.
Tá tudo de pior a pior, que me perdoe a coitada da
perua e sua triste e aterrorizante cantiga.
A situação da saúde pública?
Tá de pior a pior. E faz muito tempo que não dá
sinal de que vai melhorar.
O atendimento do cidadão nos órgãos públicos?
Tá de pior a pior.
A fila pra tirar uma Carteira Profissional?
Tá de pior a pior.
Conseguir uma ficha pra dar entrada no
seguro-desemprego?
Tá de pior a pior.
A onda de violência que assola o país?
Tá de pior a pior.
A arrogância dos moralistas que só enxergam a
imoralidade dos outros?
Tá de pior a pior.
A empáfia dos marajás que não se cansam de
consolidar seus privilégios em detrimento do direito dos pobres mortais?
Tá de pior a pior.
A embromação, a empulhação, a manipulação, as
meias-verdades?
Tudo de pior a pior.
E não é só aqui em Natal, nem no Rio Grande do
Norte. É no Brasil todo.
A única coisa que o Rio Grande do Norte, hoje em
dia, é diferente do resto do Brasil, é quando os institutos de pesquisas
divulgam resultados de pesquisas sobre a avaliação dos governantes.
Os nossos – aí estão os casos que nem preciso citar
nominalmente – estão de pior a pior.
Mas, no resto do Brasil, não. É como se os demais
governantes, do país e dos outros Estados e municípios, nada tivessem a ver com
o caos que se espalha por toda parte – o caos do desemprego, o caos da saúde
pública, o caos do atendimento ao cidadão, o caos da insegurança, o caos da
roubalheira desenfreada, o caos do falso moralismo, o caos da hipocrisia, o
caos do desperdício do dinheiro público, o caos das obras paradas – lembram da
transposição?
Das duas uma: Como tudo isso não ocorre só aqui, ou
a população perdeu a capacidade de julgar seus governantes; ou os institutos de
pesquisa insistem em apostar em nossa imbecilidade generalizada.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no NOVO JORNAL
A expressão que dizer que não mudou, não muda ou não mudará nada. Igual a cantiga da perua: "Glu-glu-glu..." Quando eu era menino imitava a perua no terreiro e ela respondia na mesma pisada... (rsrsrs) (José Vanilson Julião).
ResponderExcluirPS: mais uma vez muito obrigado. Agora pela postagem da reportagem da "Tia Deusa".
Meu caro Vanilson Julião, bom vê-lo por aqui. Verdade, nada muda, assim como a cantiga, e veja que na época do sucesso do criativo ritmista Jackson do Pandeiro, paraibano de Alagoa Grande, o homem ainda não pisara na Lua. Certeza que nosso Tarcísio, ao indagar expressão, queria incentivar o debate. Grande abraço,
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