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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cantiga da perua

Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Jornalista tarcisiocavalcanti@bol.com.br http://ptarcisio.blogspot.com
 
Antigamente, em recantos interioranos por onde andei, quando algo não dava certo; ou quando em vez de melhorar, piorava, um velho amigo que já viu muitas coisas na vida e não se acostumava com o que via de errado, sempre sentenciava quando provocado:
 
- Tá igual à cantiga da perua. É de pior a pior.
 
Confesso que desconheço o verdadeiro significado dessa expressão. Mas, dá pra compará-la, sem nenhuma dúvida, com a realidade que estamos enfrentando no dia-a-dia brasileiro.
 
Tá tudo de pior a pior, que me perdoe a coitada da perua e sua triste e aterrorizante cantiga.
 
A situação da saúde pública?
 
Tá de pior a pior. E faz muito tempo que não dá sinal de que vai melhorar.
 
O atendimento do cidadão nos órgãos públicos?
 
Tá de pior a pior.
 
A fila pra tirar uma Carteira Profissional?
 
Tá de pior a pior.
 
Conseguir uma ficha pra dar entrada no seguro-desemprego?
 
Tá de pior a pior.
 
A onda de violência que assola o país?
 
Tá de pior a pior.
 
A arrogância dos moralistas que só enxergam a imoralidade dos outros?
 
Tá de pior a pior.
 
A empáfia dos marajás que não se cansam de consolidar seus privilégios em detrimento do direito dos pobres mortais?
 
Tá de pior a pior.
 
A embromação, a empulhação, a manipulação, as meias-verdades?
 
Tudo de pior a pior.
 
E não é só aqui em Natal, nem no Rio Grande do Norte. É no Brasil todo.
 
A única coisa que o Rio Grande do Norte, hoje em dia, é diferente do resto do Brasil, é quando os institutos de pesquisas divulgam resultados de pesquisas sobre a avaliação dos governantes.
 
Os nossos – aí estão os casos que nem preciso citar nominalmente – estão de pior a pior.
 
Mas, no resto do Brasil, não. É como se os demais governantes, do país e dos outros Estados e municípios, nada tivessem a ver com o caos que se espalha por toda parte – o caos do desemprego, o caos da saúde pública, o caos do atendimento ao cidadão, o caos da insegurança, o caos da roubalheira desenfreada, o caos do falso moralismo, o caos da hipocrisia, o caos do desperdício do dinheiro público, o caos das obras paradas – lembram da transposição?
 
Das duas uma: Como tudo isso não ocorre só aqui, ou a população perdeu a capacidade de julgar seus governantes; ou os institutos de pesquisa insistem em apostar em nossa imbecilidade generalizada.
 
*Texto publicado na coluna do jornalista no NOVO JORNAL
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2 comentários:

  1. A expressão que dizer que não mudou, não muda ou não mudará nada. Igual a cantiga da perua: "Glu-glu-glu..." Quando eu era menino imitava a perua no terreiro e ela respondia na mesma pisada... (rsrsrs) (José Vanilson Julião).

    PS: mais uma vez muito obrigado. Agora pela postagem da reportagem da "Tia Deusa".

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  2. Meu caro Vanilson Julião, bom vê-lo por aqui. Verdade, nada muda, assim como a cantiga, e veja que na época do sucesso do criativo ritmista Jackson do Pandeiro, paraibano de Alagoa Grande, o homem ainda não pisara na Lua. Certeza que nosso Tarcísio, ao indagar expressão, queria incentivar o debate. Grande abraço,

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