Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Jornalista
▶ tarcisiocavalcanti@bol.com.br ▶http://ptarcisio.blogspot.com
Nesses dias de final de mais uma novela da Globo,
outra vez apontada como um fenômeno de comunicação de massa, andei me
questionando: Serei um alienado?
Pois, a tal “Avenida Brasil” acabou e não vi – nem
tive vontade de ver – uma única parte de qualquer dos seus capítulos, não
obstante a badalação diária em jornais impressos e digitais, nos mais diversos
canais de TV, inclusive, nos concorrentes da própria Globo.
Poderia até dizer como disse o grande Zeca Pagodinho
a respeito de caviar: “Nunca vi, nem comi, só escuto falar”.
E vou dizer mais uma coisa: Pelo menos por onde
ando, não vejo – ou melhor: não vi esse fenômeno todo não. No máximo, aqui e
acolá um comentário ingênuo, sem maior importância, muito mais ligado aos
encantos de determinados personagens mais chamativos e suas taras.
Mas, não posso negar. Pela mídia, “Avenida Brasil”,
no mínimo, chegou perto do maior espetáculo da Terra. Ao amanhecer do sábado,
vendo o portal de O DIA, fiquei sabendo: “Foi Carminha” (que matou Max); na
VEJA: “Último capítulo tem a maior audiência do ano”. Mas, a própria VEJA, não
sei porque cargas d´água, lá na frente admite em outro destaque: “Avenida Brasil
tem final óbvio e cheio de lacunas”.
Nunca gostei de novela de TV – sem dúvida um
fenômeno de comunicação pela audiência (eu diria) “avassaladora” que alcança,
mas sem outra preocupação, pelos menos há algum tempo, que não seja a de
estimular o consumo e banalizar a sacanagem.
Claro: Salvo as raras e honrosas exceções que
justificam a regra.
De minha parte, se esse desinteresse por novela e
outras modas significar, mesmo, que estou por fora, tudo bem. Não é de hoje que
nunca fiz questão de estar na moda, embora respeite e, muitas vezes, até,
admire, os que pensam de forma diferente e preferem, exatamente, o contrário.
Imagino que seja, exatamente, pra isso que fomos
contemplados com o direito ao “livre arbítrio”.
Do mesmo modo, numa outra seara, me recuso a entrar
no coro generalizado contra os desprezados. Se me coubesse julgá-los – ainda
bem que não me cabe, pois não tenho nem vocação nem competência para isso –
poderia até condená-los; mas, jamais, negaria a qualquer deles um gesto de
solidariedade. Não pelos seus hipotéticos erros. Mas, pela sua solidão, pelo
seu isolamento; pelo verdadeiro e desumano linchamento social a que são
submetidos.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no NOVO JORNAL
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