Por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Não sou ex-aluno do CIC e nem poderia ser. Meu tempo
de estudante era o mesmo em que aquele colégio abrigava filhas das famílias da
elite natalense, além de só aceitar matrículas de mulheres. Anos depois passou
a abrigar, em suas salas de aula, também os homens. Mas senti o anúncio do
possível fechamento do colégio centenário, obra das Filhas do Amor Divino.
Quem não sentiu? Imaginei-me no lugar de seus
estudantes e mestres. Lembrei-me de quando, um dia que já vai longe, passei em
frente ao que era o Grupo Escolar Áurea Barros, onde fiz meu curso primário e,
em sua fachada, tinha um outro nome, o da Casa do Professor. Casa de destinação
nobre, claro, mas havia tomado o lugar de meu grupo escolar.
Fiz a analogia. Meus pensamentos eram de um tempo de
menino. Os dos alunos do CIC, o mundo dos adolescentes. Dos colegas que ficaram
pelos caminhos, mas fotografados na retina, ali, nos corredores, nas salas de
aulas, nas áreas de esportes e lazer, na capela. Sempre estarão ali. Dos
amigos, amizades iniciadas também lá dentro e levadas tempo afora. Lembranças
da ansiedade pelo reencontro depois das férias para contar, narrar as aventuras
vividas, de partilhar com os que elegemos como mais próximos as confidências
dos primeiros amores.
Foi ali também, na biblioteca de estantes escuras de
verniz, que certamente iniciaram as primeiras leituras e comentavam, com os
grupos mais chegados aos livros, as resenhas feitas. Havia ainda o desejo de
chegar cedo às segundas-feiras quando o time do coração, ABC ou América,
Flamengo ou Vasco, Corinthians ou Palmeiras, saira vencedor na rodada do
domingo.
Claro, aí o alarido era mais entre os homens. Entre
as mulheres os assuntos eram mais amenos e ficavam por conta dos filmes do
final de semana, a ida à praia pegar um bronze, os namoros, as boites e os
clubes sociais. Num tempo que chegou depois, o Circo da Folia, o ponto de
encontro nos finais de tarde na Praia do Meio.
Ficaram o aprendizado, os ensinamentos, a
convivência com os livros, a preparação e a base para o futuro. Muita coisa na
memória dos inúmeros que passaram por lá. Confesso, o texto não estava
programado, mas me sensibilizou o apelo de uma ex-aluna. Não do tipo saudista,
mas avaliando a importância que teve em sua trajetória um tempo vivido nas
salas, salões e corredores do colégio da avenida Deodoro.
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