A
afirmação é do professor e pesquisador Carlos Eduardo Frickmann Young, primeiro
palestrante do VII Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), que
acontece até o dia 27, em Natal
Foto:Augusto Ratis/Divulgação
|
Floresta não é um entrave ao crescimento econômico,
mas sim uma solução para o desenvolvimento equilibrado. Essa é a opinião de
Carlos Eduardo Frickmann Young, professor do Instituto de Economia da
Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Instituto de Ciência e
Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento (INCT/PPED).
Young foi um dos palestrantes do VII Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação (CBUC), realizado pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à
Natureza, em Natal (RN) até o próximo dia 27. Ele abordou o tema “A importância
da conservação da natureza para economias globais”, dentro do painel
“Integrando o desenvolvimento econômico e social com a conservação da
natureza”.
Young afirmou que a ideia de que floresta é uma
barreira ao desenvolvimento ainda prevalece, principalmente junto às lideranças
políticas e econômicas. Porém, essa visão não se encaixa à Economia Verde,
conceito que prevê um novo modo de utilização dos recursos naturais, por meio
de ações que atendam ao mesmo tempo a conservação da natureza e a geração de
emprego e renda, com inclusão social.
Para corroborar a sua afirmação, Young citou o
relatório “Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a economia
nacional”, produzido em maio de 2011 por ele e por Rodrigo Medeiros para
UNEP-WCMC (United Nations Environmment Programm–World Conservation Monitoring
Centre). Este relatório apresentou os resultados de análises sobre o impacto e
o potencial econômico de cinco dos múltiplos bens e serviços providos pelas
unidades de conservação para a economia e para a sociedade brasileiras. São
eles: produtos florestais, uso público, carbono, água e repartição de receitas
tributárias.
Os resultados desse estudo mostram que a visitação
aos 67 parques nacionais existentes em 2010 no Brasil (hoje são 68 parques
nacionais) tem potencial de gerar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 1,8 bilhão por ano,
considerando as estimativas de fluxo de turistas projetadas para o país – cerca
de 13,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros – até 2016, ano
das Olimpíadas.
Ainda considerando a visitação, o relatório indica
que as unidades de conservação federais têm potencial de atrair cerca de 17,5
milhões de pessoas em 2016, podendo movimentar a economia em até R$ 2 bilhões
nas regiões onde estão localizadas essas unidades. Se for considerada a soma
das estimativas de visitação pública nas unidades de conservação federais e
estaduais consideradas pelo estudo, levando-se em conta a exploração adequada
das unidades, cerca de 20 milhões de pessoas visitarão essas áreas em 2016, com
um impacto econômico potencial de cerca de R$ 2,2 bilhões naquele ano.
O estudo estima que o valor do “aluguel” anual do estoque
de carbono cujas emissões foram evitadas pelas unidades de conservação está
entre R$ 2,9 bilhões e R$ 5,8 bilhões por ano. Esses valores foram calculados
considerando os limites do custo de oportunidade de capital entre 3% e 6% ao
ano. “São valores que superam os gastos atuais com a manutenção dessas unidades
e as necessidades de investimento adicional para a consolidação e melhoria
delas”, destaca Young.
Em relação aos recursos hídricos, o relatório
destaca que as unidades de conservação são fundamentais para garantir a oferta
de água atual e futura para os mais diversos usos pela sociedade. Do total de
água para uso humano, 9% é captada dentro dessas unidades e 26% é captada em
fontes a jusante a elas.
Outro resultado importante, destacado no estudo, diz
respeito ao ICMS Ecológico, um mecanismo que introduz critérios ambientais no
cálculo do repasse do ICMS aos municípios, premiando aqueles que possuem, por
exemplo, unidades de conservação e áreas de mananciais. Somente em 2009 foram
repassados aos municípios que se enquadram nessa categoria R$ 401 milhões.
“O Brasil deve aprender a investir na conservação do
que nos torna o detentor da maior biodiversidade do planeta e a lucrar com
isso. Manter a maior extensão de florestas tropicais do mundo não é um
problema, mas o que nos torna ainda melhores”, afirma Young. O caminho, segundo ele, passa exatamente pela
relação entre empresas, governo e organizações não governamentais, que devem se
mobilizar para promover um “desenvolvimento sustentável” equilibrado, que
permita à sociedade usufruir dos recursos naturais no presente e preservá-los
para que gerações desfrutem deles no futuro.
Atendimento à Imprensa
VII CBUC – Congresso Brasileiro de Unidades de
Conservação
Assessoria de Imprensa – NQM Comunicação
Mônica Santanna – monica@nqm.com.br
(41) 9290-9596
Cleber Femina – cleberfemina@hotmail.com
(84) 9451-3938
BDM
COMUNICAÇÃO - Natal/RN
0 comentários:
Postar um comentário