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sábado, 29 de setembro de 2012

As noites da Guanabara têm mais luz e mais vida

Por Albimar Furtado*
Jornalista albimar@superig.com.br
 
Ouvi muitas vezes, de muita gente e há bastante tempo, que a rua Guanabara era, das ruas de Natal, a que descortinava a paisagem mais bonita da cidade. E era. Isto nos tempos em que a verticalização das moradias não tinha chegado  à Areia Preta. A visão era ampla, horizonte, céu, mar e a perder-se nas dunas da Redinha e Santa Luzia. Era rua de casas simples, pequenas, muitas delas à beira das dunas de Mãe Luiza, de angulo acentuado, derramando-se no que hoje é o início da Via Costeira.
 
Vi essa paisagem, ainda menino começando a ser metido a besta, porque subia o morro em busca da casa de Rubens, aluno da então Escola Técnica Federal instalada no velho prédio da avenida Rio branco. A ele comprova os reforços do meu time de botão nas cores vermelha e branca, em homenagem ao meu Bangu. Botões de belo acabamento, feitos nas oficinas da ETFRN. A rua não tinha  recebido ainda pavimentação, nem a iluminação pública havia chegado. Quem sabe, houvesse acontecido se Djalma Maranhão não tivesse sido tirado, estupidamente, do Palácio Frei Miguelinho. Prefeito, ele havia iniciado uma agressiva política de calçamento à paralelepípedo e de iluminação pública.
 
Mas a rua Guanabara da qual quero falar é a de hoje. Perdeu grande parte da paisagem marinha porque viu crescer à sua frente uma cortina de pedra, tijolo e cimento. Mas manteve a alegria de seus primeiros tempos. É singular. As construções não têm recuo, não deixando espaços para a elevação dos terríveis muros de segurança, que enfeiam a paisagem das outras ruas. Ao contrário, as casas têm portas e janelas abertas à via pública e à visão do mar.
 
As noites da rua Guanabara não têm a solidão das outras ruas de Natal. Não é soturna. As luzes das casas estão acesas e as calçadas abrigam rodas de conversas. Não se pense que é uma ou outra casa. É regra. Passei por lá recentemente e testemunhei, vi, uma rua diferente, alegre, com vida. Jovens crianças e velhos curtindo a noite de lua cheia, de estrelas, de temperatura agradável. Passei pela Guanabara, tomei o rumo da minha casa. Entrei na minha rua: muros, tristeza e a solidão de um vigia. Pobre de mim.

*Texto publicado na coluna do jornalista no NOVO JORNAL
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