Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Os candidatos já existem, foram registrados, já
participaram até de debates. Coligações foram formadas, partidos se juntaram e,
no começo, era incentivo e motivação. Um dia anunciaram que a campanha estava
nas ruas. Que ruas? Bom, os candidatos andam, cumprimentam as pessoas, ouvi até
notícias de que teriam feito comícios. Está certo, informação correta: os
candidatos estão nas ruas. Mas pelo que vemos e sentimos, a campanha não está
no povo. Está longe das pessoas, não motiva, não provoca discussão, não tem
hino, nem bandeira. Carros poucos com adesivos.
É informação tirada de pesquisa? Não. Não tem nada
de científico, de dados seguros. É apenas observação. Entrei na fila de banco,
ouvi comentários sobre ABC, América, Série B no futebol. Campanha? Nada. Nem
pra fazer piada. Fui ao supermercado, encontrei conhecidos e amigos. Ninguém
perguntou sobre as novidades políticas. Fui pra fila do caixa, conversaram sobre
novela, Tufão e Carminha,discutiram sobre o caráter de Nina, arriscaram na
previsão de futuras cenas. Política? Nem de fininho. Mesmo no ambiente de
trabalho, se fosse feito um ranking dos assuntos mais falados, a campanha
estaria na rabeira.
Tudo isto, numa cidade que já respirou política em
todas as suas ruas, avenidas, vilas, becos, casas, bares, beira de praia,
interior dos ônibus. Cidade que virava a noite em festa pelos seus candidatos.
Esta mudança de comportamento é boa ou ruim? Resposta para os cientistas
políticos. Mas arrisco em dizer que a cidade ganhou com o fim do radicalismo,
do fanatismo. Mas chegar à outra ponta da questão é, no mínimo, estranho. A
indiferença empobrece a discussão sobre as necessidades da cidade, propostas de
gestão; impede conhecer melhor os candidatos que se mostram para pedir o voto.
Ainda há tempo para subir a temperatura dessa luta. É esperar pra ver.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no NOVO JORNAL
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