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terça-feira, 21 de agosto de 2012

JK, o melhor até hoje!

Por François Silvestre*
Escritor fs.alencar@uol.com.br

Não é saudosismo. É constatação. Eu nem era eleitor, nem adulto, nem leitor. Mas sou um estudioso das mogangas republicanas deste país de geografia fantástica e história mal contada.

Começo pelos seus erros políticos e manias de grandeza. Isso mesmo. Juscelino era um megalobrasilino. Via-se e via o Brasil do tamanho do seu território.

Médico medíocre, transformou-se num líder político após revolucionar a administração pública de Belo Horizonte. Daí foi num crescendo de vitórias consecutivas. Era o terror da UDN. Não se pode dizer que era um pessedista disciplinado. Usava a estrutura rural do PSD, mas sua ligação fazia-se direta com o eleitor.

Nenhum líder da esquerda foi mais odiado do que ele pela Ditadura. Nem aqueles que morreram sob tortura. A milicada estrelada, que abocanhou o poder central, devotava-lhe inveja e ódio. Até porque não podiam matá-lo ou exilá-lo.

Como acusar de comunista um católico notório, reaça até, liberal e populista? E ainda mais sabendo que ele morto seria muito mais perigoso. Tinham de suportá-lo, ruminando a gosma da inferioridade que faz o subalterno moral espojar-se no chafurdo do próprio excremento.

Geisel confessa que rezara para ele não morrer durante o seu “governo”. O enterro de JK foi a primeira manifestação popular espontânea, ocorrida em Brasília, desde o golpe que o proibiu de visitar a sua obra síntese.

Durante seu Governo, dois levantes militares tentaram a sua queda. Aragarças e Jacareacanga. Derrotados, Juscelino anistiou todos os envolvidos. Não prendeu nem exilou ninguém.

Foi combatido duramente por uma oposição violenta e virulenta. No Parlamento e na Caserna. Opositores competentes e ativos. Diferente da oposição de hoje, mão de alface na face do poder.

Retirou o Brasil da vocação de vira-lata, na definição de Nelson Rodrigues. Estimulou o afeto coletivo. Se havia esmola, dela pelo menos resultavam obras.

Indústria do automóvel, açudagem, planejamento econômico. Uma Capital edificada em mil dias.

Nenhum jornal censurado ou sindicato fechado. Ou adversário perseguido. Nem grevista sem salário. Democrata na expressão mais fina do termo. Tudo que produz ódio no moralismo e na hipocrisia. Sua natureza enojava os cretinos.

Federalizou universidades sem olhar o partido dos reivindicantes. Cá mesmo, num governo da UDN, fez, a pedido de Onofre Lopes, a UFRN.

Campeão mundial de futebol; campeão mundial de boxe, com Éder Jofre. Campeão mundial de tênis, com Maria Ester Bueno. Numa época de comunicação precária e PIB nivelado por baixo. Só perdeu uma eleição, por um voto. A Academia Brasileira de Letras vendeu a vaga por um terreno. Geisel não queria que JK tivesse uma tribuna. A Ditadura morreu; de podre. Juscelino vive; de liberdade. Té mais.

*Texto publicado em sua coluna no NOVO JORNAL
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