Acordos políticos inéditos e surpreendentes na Grande Natal

Vices rompem com a situação, família é dividida e ex-governadora acaba em segundo plano

Por José Vanilson Julião*

Como editor de dois jornais ‘nanicos’, ‘pequenos’ ou ‘alternativos’, que circulam na região metropolitana (Grande Natal), o JORNAL REGIONAL e o CORREIO POTIGUAR, tenho acompanhado, ao largo, as notícias e os comentários que os seus controladores publicam ou repercutem sobre o andamento da política norte-rio-grandense, principalmente na área citada acima, que engloba dez municípios do entorno e mais a capital.

Dito isso, mesmo cético quanto o desenrolar dos acontecimentos, que quase nunca me causam surpresas, pelo menos três situações me chamaram a atenção, nos últimos meses, pré-campanha política e eleitoral, visando ás eleições municipais majoritárias (prefeito e vice) e proporcionais (vereador), cujo ápice será o primeiro domingo de outubro, sendo que a capital (maior colégio eleitoral) e o município de Mossoró (segundo), podem acontecer segundo turno pelo fato dos dois terem mais de 200 mil habitantes.

O primeiro caso ocorreu na cidade de Parnamirim, o terceiro maior colégio eleitoral, quando o prefeito Maurício Marques dos Santos (PDT) foi surpreendido com o rompimento do ex-vereador e presidente da Câmara, Epifânio Bezerra de Lima, agora companheiro de chapa do deputado estadual Francisco Gilson de Moura (PV), candidato da oposição, demonstrando que o páreo será duro, mesmo com o apoio do ex-prefeito (duas vezes seguida) e deputado estadual Agnelo Alves (PDT) á situação, para a qual indicou a vice-prefeito a vereadora Lucinha Thiago.

Em Macaíba outro vice-prefeito, Auri Simplício, rompe com a candidata a reeleição Marília Dias (PMDB), que acabou escolhendo como companheiro de chapa o vereador Emídio Júnior, do mesmo partido. Em contra partida o médico Olímpio Maciel (PTB), que era cotado para ser o vice dela, pelo menos duas semanas antes das convenções municipais, terminou cooptado pelo ex-prefeito Fernando Cunha (PMDB).

Já em São Gonçalo do Amarante dois grupos políticos adversários chegaram a um acordo para a reeleição do médico sanitarista Jaime Pereira Calado (PR), que terá como vice o publicitário Poti Neto (PMDB), filho do jornalista Paulo Tarcísio de Albuquerque Cavalcanti; sobrinho do ex-prefeito (duas vezes) e deputado estadual Francisco Potiguar Cavalcanti Júnior (PMDB) e da mesma forma do também jornalista e ex-deputado estadual Alexandre Cavalcanti, que, agora, busca uma cadeira na Câmara, sendo este um bom nome para alcançar o Poder Legislativo municipal.

Com isso foram criadas duas situações. Primeiro a oposição está dividida e pode facilitar a vitória de Calado. Inclusive, o inédito acordo local, dividiu a família Cavalcanti, pois a ex-secretária municipal Ana Maria Cavalcanti (PSC), irmã de Paulo Tarcísio, é candidata a prefeita pelo PSDC, ao lado de Gladyer Godeiro, do mesmo partido. Ela é mãe do ex-prefeito Jarbas Cavalcanti, a quem Jaime Calado derrotou, depois deste ser derrotado por Poti Júnior.

Também concorre ao cargo público o ex-prefeito José Targino Pereira (PRP) com Bruno Varela, da mesma agremiação partidária, posição similar a de Tereza Fernandes e do professor José Maria, ambos do PSDC.

De propósito deixei por último a capital, com o ex-prefeito Carlos Eduardo Nunes Alves (PDT) conseguindo o apoio da sua madrinha política, a ex-deputada federal, ex-prefeita (três vezes) e ex-governadora (duas vezes seguidas), a professora universitária aposentada Vilma Maria de Faria (PSB), que desce do pedestal, veste a sandália da humildade e dá um golpe de mestre para ser vice dele.

*Jornalista e editor com texto do Jornal A Esperança