Por Flávio Rezende*
Tenho uma relação bem saudável com o assunto objetos
voadores não identificados. Confesso que tempos atrás, consumia literatura
sobre o assunto, admirava meu irmão Fernandinho que curtia o tema junto a
amigos, numa espécie de ufologia esotérica, participei e, ainda gosto do Grupo
Atlan, que associa a volta de Jesus em naves extraterrestres e, pessoalmente
tenho relatos nesta área.
Por volta dos meus 20 anos, era um rapaz ativo,
escrevia muito, participava de tudo, um vulcão em termos de movimentação e
interesses. Tudo quanto é assunto eu jogava meu olhar, tendo lido a respeito de
pirâmides, avatares indianos, cristais, macrobiótica, vegetarianismo, religiões
em geral, tive incursões pela Ordem Rosacruz e solicitei material de diversas
ordens místicas.
Neste mesmo tempo, vendia salada de frutas nas
praias, produzia jornais alternativos e, juntava dinheiro para curtir o Brasil,
sempre de ônibus. Numa dessas viagens, próximo à cidade de Ilhéus (BA), todos
nós que estávamos no carro que seguia com destino ao Rio de Janeiro, percebemos
no céu um objeto que realizava manobras radicais, indo de um lugar a outro em
segundos. Avistamos alguns outros carros parados no acostamento e nos reunimos
ao grupo. Ficamos então observando e, saímos convencidos de que era um disco
voador.
Ainda nesta fase de muita busca, fui bater com
amigos em Fortaleza. De lá, turbinados por coisas não muito recomendáveis e, já
devidamente superadas, fomos bater em Canoa Quebrada. Foi uma daquelas noites
em que viramos, animados por mulheres e conversando aceleradamente sobre os mais
variados assuntos.
Cansados de tanto auê decidimos seguir para as
dunas, de onde iríamos ver o nascer do sol de camarote. Um pouco antes de a luz
clarear a vida mundana, surgiu no céu ainda escuro, um objeto igualmente
estranho, realizando manobras tão malucas quanto nossas mentes potencializadas.
Devido ao momento maluco-beleza em que estávamos não
tenho como saber até que ponto havia um disco no céu ou, se era uma alucinação
coletiva, induzida por um primeiro e seguida, pelos demais.
Bem, de lá para cá, o assunto foi cedendo lugar para
outros, uma vez que vivemos muito de fases. Hoje, gosto de assistir relatos na
TV, mas, não compro mais livros e nem assino mais a UFO.
A minha grande questão hoje é, depois de tantos e
tantos anos de estudos, observações, relatos, imagens e mil coisas, em todas as
partes do mundo, vindas de pessoas muitas vezes confiáveis, de todas as idades,
religiões, que não ganham nada com isso, muito pelo contrário, às vezes ficam
expostas ao ridículo, como é que com tanta coisa dita, escrita e relatada,
ainda não temos certeza que os discos voadores realmente existem?
O tempo passa e não podemos dizer como dois mais
dois são quatro que eles realmente estão por ai, como pode que depois de tantas
aparições eles não cheguem ao ponto de ocupar uma cadeia mundial de TV e
anunciar abertamente e definitivamente que também existem neste vasto universo
em expansão?
Se diante de tantos casos, acredito que milhões de
casos diversos, se um só, unzinho apenas for verdade, então eles existem, então
por qual motivo esses caras não chegam de vez para nos fazer companhia,
compartilhar conhecimento, aumentar a família?
Eis mais um grande mistério ao qual estamos
mergulhados. Some-se a ele o mistério sobre nossa origem e destino, o tal de
onde viemos e para onde vamos que, a despeito de muitas explicações, ainda não
tem uma resposta final e aceita por todos.
E assim caminha a humanidade, dividida em
continentes, hemisférios, países, estados, cidades, municípios, bairros, ruas,
casas, quartos, camas e, com pessoas igualmente divididas em times, religiões,
interesses, partidos, mas, juntas num só dilema, o de não saber com certeza
absoluta, grandes enigmas que persistem apesar de escrituras maias, incas,
astecas, católicas, hindus, judias, espíritas, místicas...
*É escritor, jornalista e
ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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