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terça-feira, 26 de junho de 2012

Ser ou não ser, o bom é ser de Caicó!

Ser tão de Caicó


Foto: L.Gomes/pesquisa arquivo web
Uma das coisas mais agradáveis de ser da capital do seridó é ter histórias para contar. Eu, como boa caicoense que sou, adoro conversar, contar lorotas, fazer piadas, abrir o bocão, rasgar o verbo, enunciar, discursar e fazer zuada. Cresci ouvindo meu pai falar muito (e bem alto). Em todos os lugares que eu o acompanhei nunca, nem sequer uma vez, ninguém falou mais baixo do que ele. Esse talvez seja o traço que mais nos identifica: a interatividade.

Nessas conversas da vida, certa vez eu ouvi meu pai dizer que todo caicoense é bairrista: se você nasceu em Caicó, certamente, morrerá dizendo que nasceu lá (atualmente resido fora).  O caicoense pode ir aonde for, pode chegar a qualquer parte do mundo, mas, no momento em que alguém lhe perguntar “- De onde você é?”, ele responderá de boca cheia: Eu sou de Caicó.

Às vezes eu me pego analisando algumas situações, há em Caicó quem fale demais, há quem fale pouco, tem quem fale baixo e quem só viva na surdina, tem os que gostam de segredos, existe a turma do fuxico leve, que gosta de sorrir, existem os inconvenientes, os que extrapolam e os discretos. Como em todas as cidades há “pessoas” e pessoas, os que usam a liberdade de expressão em prol da harmonia e os que a usam a troco de meia dúzia de polêmicas pobres de espírito.

Mas, sabe o que é bom em Caicó? Eu vou dizer: é acordar de manhã com o barulho do povo se movimentando dentro de casa articulando a rotina, é o arrastado de chinela no chão, é chegar à feira e ver um “doido” gritando qualquer besteira, é ouvir o rádio ligado em qualquer programa alegre, é poder sentar na calçada e os vizinhos lhe cumprimentarem pelo seu nome, é o carro de som nas maiores alturas anunciando um candidato que você detesta, é poder “bodejar”, reclamar e dizer na cara o que você pensa, é a liberdade que temos para sermos nós mesmos.

Somos um povo expressivo, temos orgulho de conversar, de falar e mostrar a que viemos. Somos receptivos, sabemos receber bem nossos visitantes, nos esforçamos para dar atenção, gostamos de agradar, valorizamos os vínculos. Gostamos de dizer “EU SOU DE CAICÓ”, exercitamos o diálogo e não há orgulho maior para um caicoense do que saber que as pessoas foram e são felizes na nossa terra. É um prazer saber que na nossa cidade todo mundo que entra sai com uma boa história para contar, uma boa lembrança acompanhada de um sorriso por ter conhecido um caicoense.

Daí eu pergunto: existe coisa mais infeliz do que não poder mostrar suas origens? Caicoense não se esconde não. E digo mais: tire sua etiqueta da frente que eu quero passar com a minha originalidade! Por que ser chique é dar-se, a si e aos outros, o luxo de saber entrar e sair de qualquer lugar vestindo o seu sorriso mais sincero. Ser chique é só precisar de duas coisas para se fazer notar: espontaneidade e simplicidade.

*Andréia Nóbrega, 27 anos, é caicoense, pedagoga e mestra em linguista
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