Por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Vi a cidade, andante ou dirigindo o carro, e anotei
tristezas. Buracos, uma repetição; montinhos de lixo aqui, ali e acolá; o
trânsito, um exercício de paciência pras bandas da Hermes da Fonseca/Salgado
Filho; gente caminhando pela via de tráfego porque a calçada estava tomada
pelos carros. Vi e concluí: tudo como antes, está assim faz tempo.
Leitor, passeei pelos jornais. Fotos e textos
detalhando tudo o que está no parágrafo de cima, motivando a manchete “Dunas e rumas”. Tinha mais a
violência, o medo, a droga, a morte. Havia cobranças. Há tempos está assim.
Sentei em frente a televisão e, à mão, o telefone
passeando as mensagens rápidas do twitter. Nas duas telas, críticas e
cobranças. As greves, educação e saúde paralisadas. Depoimentos de pacientes e
seus acompanhantes, em hospitais, de cortar o coração; a mãe que deixou o
emprego para cuidar do filho porque a creche fechou com a greve. Cantiga antiga
e monótona.
Conversei com pessoas desesperançadas e de nada
adiantaram os argumentos contrário.
Procurei contamina-las com meu otimismo e acenei com a possibilidade de
recuperação do tempo perdido. Afinal, as surpresas existem. Riram na minha
cara. Lembrei a Copa do Mundo como possibilidade de avanço. O tema está sem
crédito.
Mirei na direção das críticas e imaginei a solidão,
certamente doída, de quem se fez alvo. Já acompanhei um final de administração.
De uma administração realizadora. Assim mesmo aconteceu o sumiço de muitos,
vários deles integrantes da entourage que pouco antes seguia o poderoso que
findou quase só. E assim continua, assim sempre será. Esta solidão de agora
parece mais pesada, sofrida. Ainda resta acreditar na receita da poeta:
descobrir forças na própria solidão.
*Texto publicado na
coluna do jornalista na edição de ontem do NOVO JORNAL
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