Extra
Pauta - O Presidente Coxo
Por José Vanilson Julião*
Jornalista
> josevanilsonj@yahoo.com.br
No dia 1 de abril de 1964, portanto há 42 anos,
quando o então 24º presidente da República, o gaúcho João Belchior Marques
Goulart (*1/3/1919 +6/12/1976), saia do Brasil, pelo Rio Grande do Sul, para o
Uruguai, eu caminhava para completar seis anos no dia 13 do mesmo mês.
Entre os dez e 12 anos é que comecei a ouvir falar
em "Jango", o presidente deposto pelo golpe militar do dia 31 de
março para 1º/4, o Dia da Mentira, que não terminou sendo nenhuma lorota. Dele
mesmo somente conhecia o que lia pelos livros de História e das fotografias,
geralmente em primeiro plano (close-up).
A maior parte da vida do presidente exilado, todo
mundo conhece, inclusive e principalmente, os contemporâneos que vivenciaram a
trajetória política dele, desde São Borja (RS), passando pelo Rio de Janeiro e,
posteriormente, Brasília, a capital federal.
E sempre no Partido Trabalhista Brasileiro (PTB),
sigla criada sob os auspícios do ditador Getúlio Dorneles Vargas, não por
acaso, de São Borja, e de quem fora ministro do Trabalho nos anos 50, na
segunda chegada ao poder de GG, agora pelo voto popular e não por meio de uma
revolução, como acontecera em 30.
Um homem bonito, charmoso e de porte atlético, Jango
tinha uma bela primeira dama, Maria Teresa Fontella Goulart (nascida em 1940),
como esposa e um casal de filhos (anos depois apareceria um terceiro
descendente, fora do casamento oficial).
Mas, anos depois, na casa dos 50 anos, fui
surpreendido com uma informação colhida no livro "Uma Estrela
Solitária", biografia do jogador botafoguense Garrincha, escrita pelo
jornalista Rui Castro. Jango puxava da perna direita.
Fiquei com aquilo na cabeça. Muito tempo depois, não
lembro exatamente de data, ao assistir um documentário (1980) do cineasta
paranaense Silvio Tendler sobre o também presidente republicano, o mineiro
Juscelino Kubistchek de Oliveira, de quem fora eleito vice com mais votos de
que o próprio JK, veio à "confirmação". Numa filmagem de época Jango
caminhava puxando a perna.
E se não estou enganado, o registro em filme foi
feito durante o discurso de posse de JK no Palácio Monroe, no Rio, demolido no
começo da década de 70 do século passado para a construção do metrô carioca.
Detalhe: Tendler também fez o documentário "Jango" (1985).
Recentemente o blogueiro caicoense Ailton Medeiros
postou um documentário de mais de 1 hora sobre o golpe de 64, veiculado pela TV
Brasil (canal público) em março do ano passado, e novamente imagens mostram
Jango, logo após descer de um avião, coxeando. A postagem do documentário, de
autoria do jornalista Flávio Tavares, foi feita na quarta-feira, dia 4 de
abril.
Diante destas informações fui a um buscador na
internet e digitei a pergunta: "Jango era coxo?" Apareceram vários
artigos e comentários de contemporâneos. Um diz que Jango brincava com a
situação; outro afirma que era difícil caricaturá-lo, o contrário de outros
políticos da época, como Jânio da Silva Quadros, Tancredo de Almeida Neves,
Carlos Lacerda e San Tiago Dantas.
Enfim, dizem que uma queda de um cavalo o tornou coxo!
Pois jovem jogava futebol no Internacional de Porto Alegre, a capital
sul-rio-grandense. Manco ou não, Jango fez história e é parte da história.
Mesmo de personalidade controversa, pois filho de estancieiro, se tornou um
político de vanguarda.
E caro leitor, não pense que o colunista é
preconceituoso por tornar a baila, neste humilde espaço, um mero detalhe físico.
*Texto
publicado há seis anos e reproduzido na coluna do jornalista no mês passado no jornal A Esperança e
postado esta semana no Blog Cerro CoráNews,
do também jornalista Valdir Julião, irmão gêmeo do autor
Meu caro jornalista e blogueiro, o artigo não foi publicado "ha seis anos" (risos), mas na edição imprenssa do jornal "A ESPERANÇA" de abril deste ano e veiculado no site do mesmo. Obrigado por transcrever o texto do primeiro e único, até agora, presidente quando Brasília já era a capital federal há quatro anos, pois foi inaugurada em 21 de abril de 1960, portanto há 52 anos. (JVJ)
ResponderExcluirGrande Vanilson, permita-me, então, corrigir a data. Se foi em 1964, portanto, passaram-se 48 anos e não 42 conforme o texto. E no intuito de interpretação, no velho gesto de editor, conclui que teria sido produzido seis anos atrás. Em assim sendo, ficam esclarecidos os equívocos. Acontece, é regra!
ResponderExcluirGrande abraço,