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quinta-feira, 10 de maio de 2012

F.Gomes: Artigo da professora Eleika Bezerra merece ser lido

F. Gomes

Por Eleika Bezerra*
Professora eleikabg@supercabo.com.br

Somente quem conheceu de perto o jornalista F. Gomes tem a dimensão exata da covardia que representou o seu assassinato, à queima-roupa, na calçada de casa, enquanto conversava com amigos, na noite de 18 de outubro de 2010. Repórter policial 24h por dia, ele fugia do figurino clássico. Ter se tornado notícia, de forma tão cruel e covarde, parece ironia para quem viver cobrindo esse tipo de notícia.

Não era repórter do tipo “porta de cadeia”, o que registra até queda de bêbado, como se diz no jargão das redações. Experiente na função, desenvolveu maneira própria de fazer a seleção natural dos temas. Era amigo de “polícia” e conhecia bandidos, de tanto cobrir o setor.

Tinha um companheiro inseparável no cumprimento das pautas. O fotógrafo Joanilson Araújo fazia questão que assinassem suas imagens simplesmente como…“Saci”. Nunca explicou o por quê. Tinha de ser, sempre, Saci. Está em  Caicó, imagina-se. Mais do que qualquer outro colega, foi quem mais sentiu o golpe com a morte jornalista.

F. Gomes era de falar baixo, baixíssimo até. De excelente trato, humilde, era um cara que aparentava tanta tranquilidade que até para começar uma discussão com ele era preciso, antes de mais nada, pedir-lhe desculpas.

Surpreendia, aos colegas da capital, que numa cidade bem menor, como sua Caicó, ele fizesse as duras matérias que fez, denunciando tráfico de drogas, sindicatos do crime, assaltos e todo tipo de bandidagem, fossem quem fossem os envolvidos. Tinha um programa na rádio que era o de maior audiência na região. E não acreditava que pudesse ser morto por causa do trabalho que realizava. Nesse quesito, tinha a imprudência dos corajosos.

Causa indignação saber que sua vida foi cotada a R$ 10 mil. Pior ainda: que, segundo as investigações da polícia, a morte foi tramada e executada por um grupo que reunia oficial de alta patente da PM, advogado e até pastor religioso.
 Para aqueles que o conheciam mais de perto, a dor é bem maior ao constatar que o mundo, privado da presença de um colega como F. Gomes, é obrigado a conviver com corruptos de colarinho branco, com policiais que se misturam à bandidagem e com advogados que se assemelham a marginais.

O trabalho feito pela polícia é parte do processo. Resta ainda a conclusão, com o julgamento dos acusados. Não somente os inúmeros colegas de F. Gomes, mas toda a sociedade aguarda o desfecho desse episódio. Aceitar menos que a punição exemplar de todos os comprovadamente envolvidos será permitir que cada profissional de imprensa seja igualmente agredido. A impunidade será, além de vergonhosa, inaceitável.

*Texto publicado em sua coluna no NOVO JORNAL

JBAnota  Muito oportuna as palavras da professora Eleika nesse momento da “conclusão” que apurou os acusados da execução do jornalista e radialista F.Gomes, covardemente assassinado na porta da sua casa, após chegar do trabalho e estar conversando com vizinhos e, mais cruel ainda, ao lado dos filhos, da família.
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