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Fotos por assessoria: Divulgação
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O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua
Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) realiza nos próximos
dias 08 e 09 (terça e quarta-feira), de 14 horas às 21 horas, o Ciclo de
Conferências: a imagem-pensamento de Letícia Parente. Ela foi uma das pioneiras
da videoarte no Brasil.
O Ciclo de Conferências abrangerá quatro
conferências sobre a obra e a vida de Letícia Parente, a serem realizadas por
críticos, curadores e artistas de renome internacional. O evento visa tratar,
com envergadura crítica, da obra da artista Letícia Parente e suas relações com
o surgimento do vídeo e a experimentação desta linguagem por parte dos artistas
na década de 1960 e 1970, sobretudo no Brasil.
O Ciclo de Conferências conta com palestrantes como
Françoise Parfait (França), professora de Arte e Novas Mídias na Université de
Paris I; Fernando Cocchiaralle (RJ); Alexandre Veras (CE); e Marisa Flórido
(RJ). Os mediadores das palestras são: Beatriz Furtado (CE), Yuri Firmeza (CE),
Solon Ribeiro (CE) e André Parente (MG).
Em busca da brecha transgressora
Uma das pioneiras da videoarte no País, os vídeos de
Letícia Parente mantêm uma admirável atualidade. Em seus vídeos, de alta tensão
poética, corpo, carne, imagem e palavra tramam-se de modo particular,
explicitando como essas noções reverberam uma na outra, atravessadas por
relações de poder, mas também por desejos de liberdade e desvios singulares. Em
geral, é a artista que protagoniza a performance no espaço privado da sua casa.
São rituais femininos do cotidiano, ações rotineiras e sem glamour, esvaziadas
do gesto expressivo do artista e desprovidas de narrativa dramática.
A obra de Letícia Parente interroga as relações
entre o enquadramento da percepção e sua submissão aos códigos e papéis sociais
(como o feminino); entre atividade e passividade, doação e recepção; entre o
corpo emudecido e cego (eram tempos de ditadura) e o empréstimo de seu corpo
para dar voz e imagem ao outro; entre a administração e reificação da vida por
saberes e potências (políticas, econômicas, científicas, religiosas, culturais,
quais fossem) e suas insurreições silenciosas; entre as servidões e a busca da
brecha transgressora capaz de estilhaçar os espelhos opressivos, as falas e os
lugares impostos às existências.
Importância de sua obra
Num dos trabalhos mais perturbadores da primeira
fase, a artista Letícia Parente bordou as palavras "Made in Brazil"
sobre a própria planta dos pés, apontada para a câmera num big close-up.
Trabalhos como o de Letícia Parente fazem eco com uma certa ala do vídeo
estadunidense do mesmo período, representada por gente como Vito Acconci, Joan
Jonas, Peter Campus, cuja obra consistiu - como observou na época Rosalind
Krauss - em colocar o corpo do artista entre duas máquinas (a câmera e o
monitor), de modo a produzir uma imagem instantânea, como a de um Narciso
mirando-se no espelho.
Biografia
Letícia Tarquinio de Souza Parente (Salvador BA 1930
- Rio de Janeiro RJ 1991). Videoartista. Formou-se e doutorou-se em química,
área a que se dedicou profissionalmente e a que deu importantes contribuições.
Estudou arte com Pedro Dominguez, Hilo Krugli e Anna Bella Geiger. Nos anos
1970, participa das mais importantes mostras de videoarte brasileiras, tanto no
Brasil como no exterior. Sua primeira individual aconteceu em 1976, no Museu de
Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), sob o título Medida. Participou do
Projeto Vermelho, da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), São Paulo, com o
objeto-instalação Constatação (1986); e do Projeto Arte Postal, na 16ª Bienal
Internacional de São Paulo, 1981.
Veja, a seguir, a programação do Ciclo de
Conferências:
Dia 08, terça-feira
14h às 17h – Abertura
Palestrante: Françoise Parfait (França)
Mediação: Beatriz Furtado
18h às 21h
Palestrante: Fernando Cocchiaralle (RJ)
Mediação: Yuri Firmeza (CE)
Dia 09, quarta-feira
14h às 17h
Palestrante: Alexandre Veras (CE)
Mediação: Solon Ribeiro (CE)
18h às 21h
Palestrante: Marisa Flórido (RJ)
Mediação: André Parente (MG)
lucianoms@bnb.gov.br
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