Por Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Estão nas páginas as fotos bonitas de paisagens
bonitas. E tristes. No chão, a terra seca e nua, sem vegetação. Para consagrar
a regra, a exceção é a árvore de galhos também nus, sem folha sequer. Pedra e areia no entorno. A
outra foto, em outra folha, mostra o gado
em retirada na busca de água, do milagre para curar a sede. No horizonte
o céu é claro, sem nuvens anunciadoras de tempo
chuvoso. Estão nas páginas, também, as manchetes que incomodam aos
nordestinos: a estiagem chegando.
Morei lá, sertão brabo do Seridó e da região Central
nos tempos de seca. Era menino ainda, mas a imagem continua muito nítida,
talvez pela carga forte e pesada de um tempo de desesperança. De cenários
denunciadores de safra perdida, de açude vazio, capim secando; de animais sem
se sustentar em pé. Tempos de feira minguando, pequeno comércio enfraquecido,
fogão com panelas a menos, mesas com feijão, farinha, rapadura, e só. Homens e mulheres tristes.
Mais tarde, já na capital e carteira do Ministério
do Trabalho assinada, voltei àqueles mesmos cenários na condição de repórter.
Vi a vida que se repetia difícil, triste e monotonamente. Botei nas folhas o
que vi e ouvi. Leio hoje o que já estava escrito em outros tempos. Visto e
revistos muitas vezes. Mas não dá pra se acostumar, aceitar, por mais que tenha
testemunhado momentos iguais.
*Texto publicado na
coluna do jornalista no Novo Jornal com post no Blog do jornal
0 comentários:
Postar um comentário