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domingo, 29 de abril de 2012

Costumes: “Parto e Resguardo”

Autor: Geraldo Anízio

Era um termo que no passado ainda próximo de nós,  dizia-se do período após o parto, em que a mulher ficava acamada ou em repouso pelo menos uns 15 dias. Nesse meado  por mais que fosse pobre a mulher, gozava da primazia de uma dieta a rigor recomendada pelas parteiras ou de outras pessoas com mais experiências em partos.

Na minha cidade natal São João do Sabugi/RN, Ana Salvino era a parteira da cidade. Foi ela quem me pegou – porque este era o termo utilizado até os anos 50s e 60s. Ana Salvino pegou  muitos  filhos  durante a trajetória da vida dela. Ela mesma sabia os bons tratos recomendados e aplicados por exigência da disciplina do resguardo, ao cumprimento do repouso, à dieta rigorosa para não quebrar o resguardo.

Raramente as famílias modernas passam de dois filhos. Naquele tempo, muito comum era a família com mais de dez filhos, outras somavam mais de quinze. As senhoras  tinham  filhos consecutivamente ano a ano, até que, chegassem a uma idade não mais próspera a procriar.

Mesmo assim os cuidados empíricos eram levados a sérios. Devido aos múltiplos  partos, com a idade a mulher chegava a sofrer  do lapsoulterino  que era o estrangulamento do canal vaginal.  As coisas do passado guardam reentrâncias  memoráveis de um tempo no qual a surpresa tênue de uma barriga de nove meses a mãe não suponha nenhum traço do feto que ela mesma gerava ao dispor da naturalidade.

Sem sonoplastia ou pré-natal,  os paninhos e as essências da folhagem do velame perfumavam o doce nascimento de um filho ao lado de uma mãe em resguardo total.
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