Albimar Furtado*
Jornalista
▶ albimar@superig.com.br
Pois é, Ademilde Fonseca anuncia o seu show de
despedida e Natal está excluída da pauta. A constatação é de Cassiano Arruda,
na Roda Viva, e a nós, filhos e viventes desta terra, só temos a lamentar. Não
é somente pelo fato da formidável intérprete ser potiguar de nascimento e aqui,
pelas rádios REM e Poti ter iniciado sua carreira. É também pela importância
que tem dentro da música brasileira e, nesta, ter sido um nome forte na
divulgação de um de nossos mais bonitos gêneros, o chorinho. Não por acaso, ela
recebeu o título de Rainha do Choro.
Com uma discografia que se inicia pelos anos 40,
gravou clássicos de nossa MPB como Pedacinho do Céu, Brasileirinho, Tico-tico
no fubá, Lamento e foi acompanhada por músicos formidáveis, entre os quais
Pixinguinha, Waldir Azevedo, Jacob do Bandolim, Garoto e Canhoto. Foi, com o
Trio Irakitan, os grandes representantes do Rio Grande do Norte no cenário da
música brasileira. E tudo acontecendo no período que passou para a história
como a era de ouro do rádio no Brasil.
Ademilde Fonseca, que em março deste ano chegou aos
90 anos de idade, teve seus discos gravados em mais de 500 mil cópias. Comecei
a ouvir a cantora que nasceu em São Gonçalo do Amaranto (Macaiba também
reivindica seu berço) em 1958, quando gravou o LP “À La Miranda”, reeditando
sucessos de Carmem Miranda. Recentemente, a Academia Macaibense de Letras, em
sessão solene, fez homenagem a Ademilde, que foi representada por uma filha.
Conversamos sobre aquele disco de 58 e ela me disse que era um dos favoritos da
Rainha do Choro.
Essas coisas escritas aí em cima são apenas para
indagar: trouxemos, recentemente, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Agnaldo Timóteo.
Não daria para termos de novo a nossa cantora encerrando sua carreira aqui, na
cidade onde tudo começou?
*Texto publicado na
coluna do jornalista na edição de 30/03 do Novo Jornal
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