acesse o RN blog do jornalista João Bosco de Araújo [o Brasil é grande; o Mundo é pequeno]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

A vez do Brasil

Jornalista jomar.morais@supercabo.com.br

Quem já viveu pelo menos 50 anos conheceu três cenários de geopolítica e sabe que, num mundo marcado pela abundância de informação, o poder jamais voltará a ser concentrado sem que se pague um alto preço de caos, sangue e retrocesso.

Nasci pouco depois de o planeta ser divido pelos dois países que assumiram o espólio da grande guerra, ruminando desejos de hegemonia que continuariam a promover a tirania e o medo, sobretudo em nações subjugadas ao interesse econômico e ideológico. Era o tempo em que, sob o maniqueísmo da “guerra fria” entre os Estados Unidos e a falecida União Soviética, pensávamos o Brasil pela bitola estreita do nacionalismo ou do entreguismo, descrentes das possibilidades criativas de nossa essência mestiça.

Mais tarde, atuando em jornalões e revistas conservadores, vivi a delícia e a dor de um mundo de potência única (os Estados Unidos) ditando tendências e deslumbrando as elites, aí incluidos os gestores da mídia. Copiar, pura e simplesmente, as experiências de fora era a regra. Quem se atreveria a contestar os gurus da nova economia, os bambas da reengenharia, os arautos do mercado financeiro? Quase ninguém. Pelo menos até que os castelos começassem a ruir, as fraudes abalassem fundamentos e espertalhões fossem varridos por crises geradas na ganância e no egoísmo.

Não é que essas etapas nada tenham acrescentado à humanidade. Pelo contrário. Em nenhuma outra época tivemos tantos saltos de desenvolvimento econômico, tecnológico e mesmo social. Mas em outro quadro político certamente teríamos pagado um preço menor em insalubridade física e emocional.

Agora vemos emergir um mundo multipolar, sem potências hegemônicas, o que é promissor para as relações internacionais, a criatividade e as condições sociais. E nesse contexto cresce o papel e a responsabilidade do Brasil e dos brasileiros. Por nossa expressão econômica, nosso bom desempenho diplomático e pela imagem positiva de nossas peculiaridades étnicas somos, hoje, um dos polos dessa nova geopolítica com possibilidades inovadoras.

Nos países do Mercosul, nossa influência cultural e nossa presença econômica já são avassaladoras. Na Europa e nos Estados Unidos a marca Brasil é vista com respeito e nossa cultura há muito deixou de ser um item exótico. Então, cabe perguntar: que tipo de potência queremos ser? Queremos tão somente acumular tesouros ou compartilhar oportunidades com nossos parceiros? Queremos interagir com outras culturas ou simplesmente impor a nossa? Queremos ser amados, como somos agora, ou temidos e odiados? É saudável nos sentirmos relevantes no mundo… desde que isso não nos tire a paz e a alegria de conviver.
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © AssessoRN.com | Suporte: Mais Template