Por Flávio Rezende*
Algumas pessoas são
muito apegadas ao que chamam de “raízes”. Seguindo vida afora dentro deste
paradigma, nascem, vivem e morrem quase que comendo os mesmos alimentos,
professando a mesma religião dos pais, torcendo pelos times majoritários no
seio familiar e acreditando nas mesmas teorias e filosofias que ouvem quando
jovens.
Não estou escalado
neste time. Acredito que minha sede de livros abriu as portas para um vasto
mundo e, influenciado por eles e por ideias e crenças além do muro de minha
casa, fui abraçando causas e seguindo outros caminhos, sempre com o respeito e
até o assombro dos pais e amigos.
Diferentemente de
todos que me cercavam, tendi para as coisas da Índia quando a questão era
religiosa. Meu caminho foi mais pelo esoterismo e pelas práticas místicas.
Na política enquanto
meu pai falava das proezas dos regimes militares, eu participava de reuniões
quase secretas do Comitê de Anistia, dos Direitos Humanos, de reuniões do então
clandestino Partido Comunista e, lembro-me de ter participado das primeiras
reuniões de fundação do PT - numa salinha perto da Igreja do Galo - e do PMDB.
Neste campo ouvia também preleções da LIBELU e lia Leon Trótski e Lenin, entre
outros.
Na área profissional
enquanto meus pais imploravam para que fizesse o concurso do Banco do Brasil,
decidi com firmeza fazer vestibular para Comunicação Social, mirando o futuro
num restrito campo profissional, onde reinavam absolutos somente a Tribuna do
Norte e o Diário de Natal.
Minha saudável
rebeldia deu certo e, hoje, comemoro, perto da aposentadoria, ter ido por ai,
tendo percorrido uma prazerosa carreira jornalística, conseguindo militar em
vários veículos sempre valorizando a cultura da bem e impondo meu estilo
pacífico diante de companheiros um tanto quanto adeptos de tintas fortes na
crítica e no julgamento.
E segui a vida sempre
lendo e aceitando influências diversas. Com o tempo mudei em diversos aspectos
e, em todas as mudanças, me senti feliz com as novas opções, não renegando o
que ficou antes pelo contrário, achando que todos os caminhos foram igualmente
importantes na construção de minha felicidade pessoal.
No campo do futebol
escolhi o América e depois mudei para o ABC por ter um irmão deste time que me
levava para todos os jogos. Então foi natural que eu virasse “casaca”, pois era
um americano que só ia para jogos do ABC.
Na área espiritual já
acreditei num monte de coisas e, hoje, prevalece à crença de que nossas
tendências adquiridas ao longo de várias vidas sobrevivem à morte e voltam em
novo corpo, não com lembranças de nomes, relações e coisas pontuais, mas, com
as inclinações para os dotes artísticos, os gostos e as posturas.
Ando lendo muito sobre
a história do nosso planeta e, quanto mais mergulhamos nos fatos do passado, mais
percebemos que muitas coisas espirituais não são tão sobrenaturais assim, são
na verdade mecanismos de defesa e de deslumbramento diante do desconhecido, uma
espécie de reverência, medo e de respeito da mente pelas coisas que não
conseguimos explicar.
Ando nutrindo especial
interesse pelo estudo do cérebro, encontrando neste mister, explicações que até
então creditava ao campo metafísico.
E assim vou mudando.
Agora mesmo, depois de doze anos não comendo carne, tendo aderido à dieta
vegetariana, decidi voltar a comer aqui e ali carne, especialmente as brancas.
Continuo achando que
os animais tem direito a vida, mas, esse desejo que andava adormecido voltou à
tona, não sei por qual razão, então decidi não reprimi-lo e vez por outra estou
comendo carne novamente.
Fica cada vez mais
claro que a repressão de alguma coisa é perigosa, e uma intuição me direciona
para o caminho do meio. Então antes que esse desejo de comer carne chegasse a
um nível muito alto, optei pela mudança e adesão a uma dieta que contemple
carnes num nível suave.
E assim vou vivendo.
Passei também 11 anos sem usar óculos escuros depois de assistir a uma palestra
de Evelyn Torrence, aquela que diz viver de luz, de prana. Agora ando com
vontade de voltar a usar óculos escuros e vou comprar um.
Como já disse Flávio
Zanatta, o introdutor da macrobiótica no Brasil, “a única coisa que não muda, é
que tudo muda”.
O importante é que no
seguir do existir, eu vá fluindo numa felicidade cada vez mais crescente e,
possa através das leituras, perceber que o que chamamos de mente é, na verdade,
o que alguns chamam de Deus, afinal, os grandes mestres, aqueles que
mergulharam mais profundamente repetiram várias vezes que Deus está dentro, que
a fé remove montanhas, então fica cada vez mais claro que esse Deus interior é
nosso cérebro e, se conseguirmos domar sua parte que nos rebaixa, certamente a
parte que nos eleva, prevalecerá, abrindo um céu de oportunidades, um paraíso
de poderes, nos tornando super homens, super deuses, capazes de compreender
finalmente que a eternidade é um estado permanente de bem aventurança, seja num
corpo material, seja num ambiente espiritual, seja em que tempo for.
*Escritor, jornalista e ativista
social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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