Por Paulo Tarcísio Cavalcanti*
Permita-me as duas perguntas. A fraude a que me refiro é aquela
mostrada há coisa de um mês - um pouco menos, no "Fantástico", da
Rede Globo, nas bombas de gasolina.
Segundo a reportagem, arranjaram um "chip" que,
colocado numa bomba de gasolina, faz com que a máquina passe a nos roubar da
forma mais escancarada, sem que tenhamos a menor chance de descobrir a
falcatrua.
Ficou claro, em tudo que a TV mostrou, que se tratava de uma
verdadeira e inesgotável mina para os ladrões.
Já tive a oportunidade de escrever aqui o quanto fiquei
estarrecido com o que vi. E imaginava que seriam tomadas providências efetivas
e defintivas pelo oneroso sistema de fiscalização custeado pela sociedade
brasileira.
No entanto, se alguma coisa foi feita para acabar essa
roubalheira, nada nos disseram. A própria Globo que fez a denúncia de forma tão
clara e apresentando, inclusive, provas aparentemente irrefutáveis, deixou
muita coisa no ar.
Por exemplo: Foram mostrados exemplos da falcatrua em São Paulo,
Rio de Janeiro e Curitiba. Mas, de responsável, só o de Curitiba, preso
preventivamente no dia seguinte, mas já liberado, mediante habeas corpus.
Pelo menos, o Brasil o conheceu. E os demais? Os do Rio e de São Paulo, aonde estão? Quem
são? E nos demais Estados? Nada aconteceu?
Ora, está claro que um "negoção" como o que foi
mostrado não poderia ficar limitado a duas ou três cidades. Aqui no RN, por
exemplo, foi noticiado que havia milhares de bombas adulteradas.
Mas, não houve, ainda, uma palavra oficial de informação
destinada a tranquilizar a sociedade, tipo: "Pode ficar tranquila que
vamos enfrentar essa máfia".
Daí a segunda pergunta que utilizei no título de mais esse
desabafo cidadão: "Engolimos?"
Descobrem um roubo, denunciam, fazem de conta que vão contê-lo,
percebemos que uma cortina de silêncio passa a encobrir a falcatrua, e ninguém
diz mais absolutamente nada.
O pior pra mim, é que, o gênio que inventou o "chip"
que põe pra roubar as bombas de gasolina, não deve ter ficado satisfeito com
essa criação única. O mais provável é que, no mínimo, a tenha aperfeiçoado para
utilização em outros medidores.
Os outros, não sei. Mas, de mim, não vou esconder: Todo mês, quando recebo a conta de água e de
luz, é grande a dúvida que me assalta. Mas, infelizmente, estou condenado a
engolir calado. Não calo.
0 comentários:
Postar um comentário