acesse o RN blog do jornalista João Bosco de Araújo [o Brasil é grande; o Mundo é pequeno]

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Costumes: Nunca perca uma cantoria

Por Geraldo Anízio [com post em seu blog]

Na foto Lourival Batista e Pinto/Divulgação
Quem assiste cantoria recorda dos desafios feitos pelos cantadores. É muito apreciado e gostoso ouvir os repentistas criarem na hora, versos engraçados  e inteligentes  de forma que agradam a todos os ouvintes. No Círculo Operário por volta de 1974, por acaso e por minha Curiosidade em ouvir cantorias e repentes, conheci naquele  momento o grande repentista LOURIVAL BATISTA. Isso foi um momento ímpar na minha adolescência.



Veja só, o poeta  José  Amâncio  participava  de  uma  animada  Cantoria quando assim falou sobre o amigo Chico Felício  já com seus setenta anos, que ali estava presente para lhe prestigiar. Assim sendo saiu-se com esse repente:

Felício já namorou
No seu tempo de rapaz.
Já amou, já foi amado,
Hoje é que não ama mais.
Tá qual ferro de engomar,
Solta fumaça é por trás! 

Outro cantador, apesar de ter lido a Bíblia, pareceu  não acreditar no que estava  escrito e,

Disse o repente seguinte:

A Escritura Sagrada
Eu acho um livro bonito,
Mas tem uma coisa nele
Que eu morro e não acredito:
Que é um jumento tirar
De Belém para o Egito. 

Lourival   Bandeira  Lima duelava com o potiguar  Domingos Tomaz grande cantador, quando fez referência a sua origem racial e, iniciou o duelo com o mote:

Minha mãe foi branca e bela,
E teve bom proceder!

Domingos  não  contou  conversa,  notando em Lourival alguns traços que contradiziam o que ele acabava de dizer,  respondeu-lhe em cima da buxa:

Faz vergonha até dizer,
Que sua mãe foi branca e bela;
E este seu cabelo ruim,
Por que não puxou a ela?
Ou seu pai é muito preto,
Ou então, foi truque dela!

Pinto  de  Monteiro  fenomenal  repentista foi convidado para uma refeição numa propriedade do município de Monteiro, onde foi servido  entre outras coisas, queijo  fabricado  na própria fazenda. À noite, numa cantoria com o cantador  Joaquim  Vitorino, ficou  sabendo  de certas particularidades que aconteciam  durante a fabricação  do  queijo  que  ele havia  saboreado tão prazerosamente. Em versos externou sua decepção pelo queijo:

Há vários dias que ando,
Com o satanás na corcunda:
Pois, hoje, almocei na casa
Duma negra tão imunda,
Que a prensa de espremer queijo
Era as bochechas da bunda!

Antonio Marinho cantava em São José do Egito (PE). Presente ao recinto estava um doutor conhecido por Edmundo, que pareceu não gostar de algumas brincadeiras ditas pelos cantadores. Mesmo assim, Marinho não se intimidou diante daquela culta figura e soltou

O verso no salão:

Parece que não gostou
Nobre doutor Edmundo,
Que é o doutor mais feio
Que eu já vi neste mundo,
Que o fundo parece a cara
E a cara parece o fundo. 
Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial

0 comentários:

Postar um comentário

Copyright © AssessoRN.com | Suporte: Mais Template