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domingo, 28 de agosto de 2011

Uma receita antiestresse


Por Jomar Morais*

Vi na televisão um especialista dizer que viver com estresse é bom. Não raro, especialistas são figuras que, a exemplo de um operário da linha de produção, sabem tudo sobre a parte que fabricam ou montam, e nada sobre o resto, o todo onde a peça se encaixa conforme um propósito muito além de sua especificidade.
Não quero, com isso, dizer que o especialista da TV está completamente errado. Talvez eu pudesse só esclarecer que a minha parte eu prefiro em tranquilidade. Isso, porém, seria perder-me no egoísmo, essa obsessão pelo interesse próprio que está na base de nosso mundo de gente exaurida, correndo o tempo todo. Talvez pudéssemos, eu e o especialista, concordar em que a ocorrência do estresse é inevitável, e até mesmo necessário, na hora e na dose certas, como estimulante da ação. Mas afirmar que viver com estresse é bom não me parece razoável, embora disso dependam egos inflados e inseguros.

Estresse, é a reação do organismo a agressões físicas e psíquicas que lhe perturbam o equilíbrio. Uma resposta que se apresenta sob a forma de fadiga, ansiedade, palpitações, hiperacidez, dificuldade de respirar e até doenças graves, como as insuficiências cardíacas. Mas não se trata de uma novidade da civilização. Convivemos com o estresse desde o nosso estágio na caverna, tempo em que a nossa vida era ameaçada por predadores. Inédito é o estresse de base emocional e social, que diz respeito aos nossos egos, nossas crenças e condicionamentos.

Atribui-se a Freud a afirmação de que não há nada mais difícil de suportar do que a sucessão de três dias lindos. É uma carga por demais pesada para quem vive de esperança, em constante correria para o futuro. Imagino que, se vivo fosse, o próprio Freud encurtaria esse prazo. Para muita gente, apenas minutos de um dia lindo – sem “problemas” para resolver – são o suficiente para instalar o tédio ou florescer o pavor. Estressados exibem incompatibilidade com o presente, detestam curtir o que tem e, na expectativa de coisas “importantes”, estão sempre em busca de uma felicidade aninhada no depois. Renunciam ao aqui e agora, onde a vida se apresenta como dádiva, e se aprisionam à carência de quem tudo espera. Definitivamente, descartam a capacidade de fruir a vida como uma divina brincadeira.

O que fazer nesse caso? Parar, para mudar o olhar e alterar crenças e valores, é fundamental. Mas, para começar, duas regrinhas bastam: 1) Não se preocupe com ninharias. 2) Tudo é ninharia.

PS: obrigado aos amigos e leitores que, sem estresse, fizeram do lançamento do meu livro “Viver” uma festa inesquecível.

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