Por Flávio Rezende*
Algumas pessoas infelizmente direcionam suas existências a la Graciliano Ramos no que diz respeito a sua obra “Vidas Secas”. Sabemos que nem sempre as dificuldades e alguns traumas pessoais conseguem ser menores que a determinação de impor alegria e felicidade ao viver e, assim, muitos seguem tsunamicamente na onda do negativismo, afundando corpo e mente no varejo da passagem do tempo, morrendo lentamente e levando junto alguns mais fracos que ficam no meio do caminho.
Algumas outras pessoas, felizmente, conseguem igualmente a despeito de qualquer coisa, colocar suas passagens por este plano material mais próximas de Ernesto Tages, autor de “Viva a Vida”, onde afirma que alguns seres conseguem viver antes de morrer.
Tenho feito a opção por Tages e celebro a vida praticamente todos os dias, incorporando a meu cotidiano, novos gostos e novas emoções, por saber ser perfeitamente correto e saudável a eliminação de coisas que julgo serem negativas e, a inclusão de outras, que acho sensacionais.
Aconteceu ontem, por exemplo, com a música clássica. Louco por filmes entrei meio sem saber o que me esperava na sala e, incorporei cada segundo do fantástico filme “O Concerto” magnificamente dirigido por Radu Mihaileanu. A música de Tchaikovsky me encantou de certa forma que, desde que assisti a película, venho ouvindo pela Internet concertos de orquestras diversas, principalmente as que têm solos com violinos.
Quanto tempo fiquei sem ter o prazer de degustar tão maravilhosa música, que meu pai já me indicava, mas, a qual desprezava embalado na onda do rock, reggae, blues e da MPB.
Tenho sentido ainda, neste quase entrar no portal dos 50 anos, o gosto pelos estudos mais avançados. Decidi agora fazer uma especialização e, quem sabe, um mestrado ou doutorado e, a cada nova disciplina, vibro com os professores, com as informações que recebo, curtindo de corpo e alma a fonte de conhecimentos que a humanidade produz em todas as áreas, numa fábrica sem fim de teorias, teoremas, filosofias, pontos de vistas e argumentações, todas simplesmente mágicas, ficando eu louco pelas aulas e por trabalhos, para poder ter acesso a tão significativos saberes.
Caminhando hoje como faço costumeiramente em Ponta Negra, ergui os olhos para o alto e os direcionei para o terapêutico azul do nosso céu e, confessei silenciosamente para meu mestre espiritual Sai Baba, o quanto a vida ainda tem para nosso deleite e prazer.
Não existe um só momento, uma só situação, uma só experiência cultural, social, educacional, familiar ou no trabalho, que esteja ausente de vida. Em tudo pulsa o coração cósmico da eterna energia universal, cabendo a cada um de nós, captar dela o que existe de bom, ou de negativo, ficando o livre arbítrio, sabiamente a nosso dispor e, é por isso mesmo, que enquanto uns olham para o alto vendo a luz, outros baixam a cabeça e mergulham nas trevas.
Seguirei com Tchaikovsky, Tages, Sai Baba, Jesus, Gandhi, mantras indianos, comida vegetariana e a boa companhia dos sábios autores e das pessoas de bem. Com essa turma estarei sempre orientado a ver que no azul do céu, está o azul do mar, pois, afinal, assim como é em cima, é embaixo. Como é embaixo, assim é em cima.
*É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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