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sábado, 9 de outubro de 2010

Alívio de terror no voo da posse

por João Bosco de Araújo
jornalista

O alívio veio depois, embora a sensação de se passar por um - sei lá - terrorista, ou outro tipo semelhante, durou as horas antes e durante o voo Natal-Brasília, aliás um pavor - isso sim - nos momentos de turbulência sobre a camada de nuvens do céu brasileiro. Apesar das poucas horas de vôo, meu consolo é perceber que nada mais é do que apenas solavancos de um lado a outro da aeronave, voando em uma velocidade surpreendente a não sei quantas milhas do solo firme, tranqüilidade repassada pelas belas aeromoças em seu trabalho habitual, sorridentes e cordiais.

Firmeza foi o alerta na porta de passagem, na hora do embarque, sinalizando algo de errado dentro da bolsa, à tiracolo, despertando a atenção dos plantonistas da fiscalização. A ordem de abrir a bagagem veio rápida, e mais ainda a descoberta do funcionário, apontado para o canivete suíço de mil utilidades.

Foram-me oferecidas duas opções para o meu embarque: se livrar da “arma” ou despachá-la pelo setor de bagagens, o que decidi deixá-la com Maria Fernanda e outras pessoas amigas à espera da despedida. Assim mesmo, na visão dos agentes federais que acompanhavam, sutilmente, a ocorrência, a partir dali eu estava sob suspeita, inclusive a minha filha, segundo me contou depois o amigo suboficial da FAB que fora me deixar no aeroporto e viu de perto a pressão dos “home”.
       
A situação passou a se contornar, portanto, dentro do avião, com as palavras do comandante do voo da TAM, que ao desejar boa-viagem aos passageiros, pelo auto-falante, citou meu nome completo, recomendado, dizia, pela torre de controle. Na verdade, sem saber do incidente, outro amigo da Aeronáutica em trabalho de controlador de voo naquele horário, sabendo da minha viagem, repassou a mensagem à cabine do avião.

O fato é que a segurança provavelmente fora desarmada com a identificação supra-oficial do “suspeita” na mira dos super agentes treinados para ações antiterroristas, tanto que ao chegar à capital federal, já fora do saguão de desembarque, ao me aproximar do estacionamento de carros, ao lado do meu tio, que também foi milico, ouvi a conversa de dois “suspeitos”, categoricamente caracterizados, repetir a mesma saudação da torre, dando conta de minha viagem para assumir um emprego federal.

Realmente, dois dias depois eu tomava posse como jornalista do Ministério da Saúde, resultado de aprovação em concurso público homologado em abril deste ano, espera que durou 16 anos, quando fui aprovado para o primeiro lugar noutro concurso do mesmo cargo, naquele ano de 1994, para o Ministério da Educação. Sonho que virou um pavor, por nunca ter sido nomeado. Alívio de terror, no voo da posse!
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