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quinta-feira, 4 de maio de 2017

Pesquisa, greve geral: O que pode dizer sobre democracia?

Por Sidney Caicó

O Data Folha revela que entre 10 brasileiros 7 são contra a reforma da previdência. A pesquisa está publicada no Jornal Folha de São Paulo, no dia internacional do trabalhador.

_ Podemos refletir juntos para entendermos o que a pesquisa realizada nos dias 26 e 27 e a greve geral do último dia 28 de abril de 2017 têm a nos dizer sobre a nossa democracia?

A pesquisa mostra antes de tudo que por maioria o povo brasileiro está dizendo para o Parlamento Nacional que a reforma da previdência está sendo elaborada sem consultar a opinião pública e que na conjuntura atual que o Brasil está inserido no contexto político e econômico os parlamentares envolvidos na aprovação do projeto não estão em condições legítimas para impor ao povo um projeto com alto índice de rejeição.

_ Claro que existem reformas para serem discutidas e elaboradas, porém convenhamos que no momento atual pensar em reformas políticas, administrativas (da coisa pública), de leis e tributárias é a única coisa eticamente possível. Uma de cada vez, com cautela, com o envolvimento de todas as instituições civis, militares, públicas e privadas; pois afinal os direitos adquiridos até então têm seu peso histórico sobre o sangue e suor de muitos brasileiros que nem se quer os utilizaram; e isso faz pouquíssimo tempo. São direitos adquiridos, legitimados através do povo, por uma constituição que agora se mostra fraca e facilmente manipulada por uma minoria de pessoas ricas que usam, assim como os retóricos tiranos ditatoriais, a vingança e a violência contra o povo no momento que se sentem ameaçados em suas condições de poder.

A greve geral e a pesquisa Data Folha nos diz que as reformas não devem ser colocadas em pauta sem que antes sejam apresentadas e estudadas novas propostas e alternativas para reforma da previdência e trabalhista. _ tenho uma sugestão: a cada contribuinte da previdência seja concedido o direito sobre cotas da Petrobrás para subsidiar a aposentadoria e aumentar a distribuição de renda. A Petrobras leiloará o pré-sal em breve (Informoney no dia 01-05), então que venda para os contribuintes brasileiros; cada aposentado tenha participação nos lucros das empresas estatais. Isso é dar vantagens e não retirá-las.

Enquanto alternativas reais não surgem, aguardar a próxima eleição é necessário para que aconteçam mudanças na assembleia através de indicação dos novos representantes que deverão assumir os cargos de “funcionários públicos” às instâncias administrativas e para o cargo de presidente do país. A corrupção está no ápice da questão, então como em um momento tão conturbado ao povo são imputadas taxações como se fossem culpados por provocar a crise? A classe trabalhadora é a única inocente. No Bom Dia Brasil (03-05- 2017) da Rede Globo, uma comentarista disse que um dos grandes problemas que ocasiona o rombo da previdência é o alto índice de fraudes nas aposentadorias dos trabalhadores rurais.

_ A fala da comentarista é notoriamente uma retórica elitista e partidária, posto que com tantos bilhões retirados do cofre público por políticos corrutos, ela pensa na aposentadoria do trabalhador para arrumar um culpado e justificar a aprovação das reformas.

Vejamos quem abertamente contra a reforma estar participando dos movimentos: O próprio Papa Francisco, que em carta declara que recusa vir ao Brasil por causa da corrupção e por saber que os mais pobres “pagam o preço mais amargo” e manda o recado para que “os políticos evitem medidas que agravem a situação da população mais carente” (Revista Forum dia 18-04), os Arcebispos do RN Dom Jaime Vieira Rocha (blog AssessoRN.com, dia 25-04), Arcebispo da PB Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz (Revista Forum dia 23-04), Dom Antonio Carlos Bispo do Rn em pronunciamento via rede social no dia 26-04, onde juntos com a Província Eclesiástica de Natal RN e Mossorá RN, emitem uma nota contra a reforma, os mais de 40 mil juízes e o próprio Ministério Público com uma nota de repúdio contra reforma que tramita no congresso (Brasil de Fato do dia 25-04), as centrais sindicais (Jorna de Brasília dia 22-04), Entidades em defesa do povo indígena (Brasil de Fato, no Dia dos Indígenas), Sindicatos e Associações das Polícias Federal, Militares e Civis (Jornal de Brasília do dia 18-04), Juízes do Trabalho (Sit 247 do dia 17-04), A Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do RS (Sit 247 no dia 17-04), também trabalhadores do transporte coletivo municipal e intermunicipal, ferroviários e metroviários da maior capital do país (Sit 247 de 21-04), e juntos com os parlamentares dessa lista http://placardaprevidencia.com.br/ some agora os 71% de Brasileiros contra a reforma.

_ Podemos imaginar a corrida política para próximas eleições, também imaginem os gastos para convencer o eleitorado; pense de onde sairá esse dinheiro para bancar essa próxima campanha? Imaginar 70% na intenção de votos para um candidato não haverá nem segundo turno.

_ Quem mais lucrará com as reformas? Serão as grandes empresas multinacionais que terão mão de obra escrava e os bancos que vendem planos de previdência (Brasil de Fato no dia 19-04), só em 2016 faturaram cerca de R$ 103 BI. _ Podemos imaginar os porquês pelos quais os parlamentares têm “ouvidos de mercadores”?

A reforma previdenciária aprovada no mandato do atual governo afirmará o poder da classe elitista sobre as demais, de um único seguimento social, de um único partido, mostra o quanto é frágil a nossa democracia e que as classes populares aceitam as imposições, além de legitimar o poder da classe política acima da própria Constituição Federal. Quanto à sociedade civil organizada e instituições seculares serão desacreditadas, tendo em vista que sem o apoio da classe política restam-lhes cumprimentos das formalidades.

_ Os Presidentes sofrem empiechments, mas apenas a classe política e a elitista estão empenhadas para defender seus interesses. Na real, agora sabemos que as demais instituições e classes populares parecem não exercer a diferença nas decisões. A pesquisa do Data Folha e a greve geral tem a nos dizer que devemos perguntas a democracia: em verdade o povo brasileiro foi ouvido em qual momento da história?

*Sidney Caicó, acadêmico de Psicologia na UFRN, autor de O tesouro de Sant’Ana.
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