Costumes: Na casa de minha mãe

NA CASA DE MÃE

Autor: Geraldo Anizio*

Foto: Adriana Melo/Nação Nordestina

A casa de mãe era a melhor casa do mundo. Uma porta dividida ao meio trancada com ferrolho. Nela minha mãe se debruçava pra espiar a gente brincar no oitão de casa fazendo açude quando chovia. Duas janelas e, numa delas, um jarro com crote pra melhorar a fachada da frente. Uns batentes na porta da frente e ao lado um pé de bom dia. As paredes da sala enchiam-se de antiguidades fotográficas. Retrato do casamento dos  meus pais, meus avós, meus tios, eu e meus irmãos e uma reca de outras pessoas conhecidas do tempo da minha avó.

As redes da gente dormir eram enroladas e postas nos armadores. À noite cada um desarmava-se  para dormir bem antes do sinal da luz do motor da cidade. Dia de chuva, minha mãe colocava toldas sobre nossas redes nalgumas noites, havia um tirinête de peido arrojado – ninguém dormia em quartos sofisticados, nem tão pouco tínhamos ares condicionados! Todo mundo na sala. Meu pai e minha mãe num quarto ao lado. Depois  que a luz  da rua apagava, minha mãe acendia uma lamparina. A gente rezava e depois dormia como antigamente.

*Com post na página do autor.