Não ofenda nossa inteligência
Fabrício Carpinejar*
Acertar uma joelhada nas
costas nunca será um lance normal.
Esquecer a bola e
agredir nunca será um lance normal.
Subir dois andares para
impor uma voadeira nunca será um lance normal.
É maldade, inveja
criminosa, vontade de machucar.
É desespero de perdedor,
atentado ao drible, à habilidade, ao virtuosismo, à felicidade.
Neymar nem de frente
estava durante a dividida. Indefeso, vulnerável, preocupado em jogar, em
garantir a vitória, em proteger a bola. Não tinha como se defender, como se
esquivar.
Zuñiga traiu a Copa do
Mundo, traiu o bom futebol, apunhalou o dom e a vocação.
Foi um pontapé violento
na lealdade, fincou o joelho como se fosse uma facada.
Não contou com
esportividade, hesitação, compaixão.
Usou a perna como uma
pá, feriu a vértebra de Neymar, enterrou o sonho do craque de erguer a taça.
Tirou Neymar das
próximas partidas, da competição, do encontro emocionado e tão esperado do
atacante com o torcedor nas finais.
Desde quando marcar é
lesionar? Imagine se Marcelo fizesse isso com James, o 10 da Colômbia. Imagine
o protesto dos adversários.
Não me diga que foi um
lance normal, natural do jogo.
Não me diga que não
houve a intenção.
A jogada não tem nada de
involuntária, nada de acidental.
Foi premeditada,
consciente, planejada, truculenta, com requintes de crueldade.
Sabia o que fazia, viu o
que poderia acontecer e não recuou.
É o equivalente a
lesionar Messi e desfalcar a Argentina, é o equivalente a lesionar Robben e
desfalcar a Holanda.
Foi muito pior do que
uma mordida, o lateral-direito colombiano arrancou todos os dentes do nosso
sorriso.
*Blog de Fabricio Carpinejar/O Globo
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