Por Fernando Luiz*
Alguém ligado ao meio artístico
nacional, me falou há alguns dias que Amado Batista não faz show em nenhum
evento que tenha na denominação a palavra brega. Achei estranho, porque
todo mundo sabe que se existe um cantor que canta Brega, com certeza é Amado
Batista.
Amado Batista, natural de Davinópolis,
em Goiás, surgiu na vida artística no vácuo deixado por Odair José, também
goiano da cidade de Morrinhos. No final dos anos setenta, Odair, depois de uma
apresentação no evento Phono 73, quando cantou Eu Vou Tirar Você Desse Lugar
com Caetano Veloso, passou a ter como empresário Guilherme Araújo,
na época, também empresário de Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Betânia.
Depois de um projeto fracassado, uma ópera-rock denominada O Filho de José e
Maria, Odair José trocou suas baladas românticas bregas por um repertório
mais identificado com o rock’n roll. A vendagem dos seus discos caiu
vertiginosamente. Foi aí que seu conterrâneo goianiense se deu bem: gravou um
disco com a música Fruto do Nosso Amor, que contava a história dramática
de uma mulher que morre de parto, ao dar à luz seu primeiro filho: “No
Hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir / Vi
seu sorriso, aos poucos se desfazendo, então vi você morrendo, sem poder me
despedir... A narrativa da música perde de longe para a estória contada em Coração
Materno, de Vicente Celestino, que fala de um camponês que mata a própria
mãe e arranca o coração dela atendendo um pedido da sua amada. O ponto alto do
drama narrado na canção é que a pobre mãe estava ajoelhada rezando aos pés do
altar. Caetano Veloso regravou Coração Materno. E a elite intelectual
adorou...
Grande número das músicas de cantores
populares faz sucesso exatamente porque são inspiradas em fatos ocorridos na
realidade ou em situações inverossímeis imaginadas pelos autores, sempre com um
profundo apelo popular, visando alcançar sucesso e render dividendos
financeiros, o que é absolutamente admissível, pois a quase totalidade dos artistas
que compõem e gravam canções com apelo popular, geralmente são de origem
humilde. Um exemplo de artista humilde e com pouca escolaridade - mas que tem
sensibilidade para interpretar canções românticas com forte apelo popular - é José
Maria Teixeira do Nascimento.
Nascido de uma família humilde, José Maria aos dezoito
anos começou a cantar nos bares de Natal. Com um ouvido apurado, bom gosto na
escolha do repertório e amante de músicas de serestas, teve a ideia de gravar
um CD “pirata” com antigos sucessos românticos como A Noite do Meu Bem (Dolores
Duran), A Volta do Boêmio (Nelson Gonçalves) e Alguém Me Disse
(Anisio Silva). Depois gravou um CD com sucessos românticos dos anos 80, entre
os quais Devaneios (Júlio Iglésias), As Rosas Não Falam (Cartola)
e Amor, Amor (Reginaldo Rossi). Em seguida, adotando o nome artístico de
Zezo dos Teclados, gravou um CD com xotes. A partir daí, passou a gravar xotes
e boleros e começou a se projetar para além do Rio Grande do Norte. Chamou a
atenção do empresário Geraldo Proença, da Gravadora Gema, que o contratou. Desde
então ficou conhecido em todo o Brasil como Zezo, o Príncipe dos Teclados. Em 2017,
passou a gravar apenas músicas românticas, usando uma banda completa para acompanhá-lo
nos shows, que passaram a contar com cenário, iluminação especial e painéis de
LED; desde então, adotou como nome artístico apenas Zezo.
No dia 20
de setembro passado, Zezo fez mais um show no Teatro Riachuelo: O Cabaré do
Zezo. Casa cheia mais uma vez, com um detalhe que poucas pessoas conhecem:
nos shows que Zezo faz no Teatro Riachuelo, o bar tem o maior faturamento,
batendo até mesmo o consumo de bebidas durante eventos com atrações
nacionais.
Um cabaré
invadiu o teatro. Todos cantaram e aplaudiram ... e beberam.
Parabéns,
Zezo, por sua história, por sua luta e por seu sucesso. Você merece. Parabéns
também por ser um defensor da causa dos animais.
Instagram: @fernandoluizcantor
*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor
cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta programa Talento Potiguar, aos
sábados, às 8:30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
©2024 www.AssessoRN.com | Jornalista João Bosco Araújo- Twitter @AssessoRN | Instagram:https://www.instagram.com/assessorn_
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