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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Curta Metragem "Mãe Santíssima" traz reflexões sobre preconceitos, resistências e tradição cultural

 O curta terá uma exibição especial no dia 10 de outubro (sexta-feira), no Quilombo Boa Vista dos Negros, local do set de filmagem, no município de Parelhas, no Seridó potiguar

No sertão, onde a poeira nunca se assenta, três destinos se cruzam sob o peso de uma profecia. Entre fé e violência, amor e honra, vida e morte, Mãe Santíssima mergulha nas contradições humanas e mostra como o passado pode assombrar o presente e moldar o futuro. O curta, inspirado no conto de Theo G. Alves, terá uma exibição especial em 10 de outubro, no Quilombo Boa Vista dos Negros, em Parelhas/RN, local onde foi gravado.

Entre a fé cega, as perseguições e os silêncios, a narrativa leva o espectador a refletir sobre a força destrutiva dos preconceitos, a resistência e o poder de redenção presente na tradição cultural.

Mãe Santíssima chega ao público como uma obra que une força narrativa, estética singular e um processo de criação coletivo. Concebido sob a filosofia do cinema processo — também chamado de cinema orgânico —, o filme valoriza o acaso, a colaboração e a participação ativa da comunidade local. O diretor geral Buca Dantas, cocriador do Cinema Processo, é reconhecido por essa abordagem inclusiva, que rompe com a rigidez do roteiro e integra moradores da região, não atores, tanto na atuação quanto na equipe técnica.

Mesmo com essa organicidade, a produção alia rigor técnico e qualidade cinematográfica. A estética é marcada por escolhas ousadas: fotografia em preto e branco, trilha sonora construída a partir de sons ambientes e a quase completa ausência de diálogos. Embora tenha partido de um roteiro dialogado, a narrativa se transformou em uma experiência predominantemente imagética, em que a força da imagem assume protagonismo.

Essas particularidades tornam Mãe Santíssima uma obra singular no cenário audiovisual brasileiro: poética, experimental e profundamente enraizada no território que lhe deu vida. O filme reafirma a marca autoral de Buca Dantas — densidade, poesia e identidade brasileira — e apresenta uma proposta estética inovadora, onde profecia, paixão e redenção se entrelaçam sob o olhar de um cinema feito em sua essência.

"Mãe Santíssima fala de um Brasil profundo, de pessoas em que vivem, sofrem e amam aquelas experiências. É ambientado na caatinga, bioma exclusivamente brasileiro e valoriza o conhecimento ancestral. Os conflitos das personagens fala deles e também de quem vai apreciar o filme, pois que são locais e universais", destaca Buca Dantas.

O projeto audiovisual “Mãe Santíssima” conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo, Prefeitura do Natal, Ministério da Cultura e Governo Federal

Siga : @curtamaesantissima

Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=_pgSNbdkyrw

FICHA TÉCNICA

Direção Geral: Buca Dantas

Roteiro: Rosália FigueiredoConto Mãe Santíssima de Theo G. Alves

Direção de Fotografia: Carito Cavalcanti

Direção de Arte: Makarios Maia e Mathieu Duvignaud

Som Direto, Desenho de Som: Fernando Suassuna

Produção Executiva: Luiza de Sá

Produção: Iara Carvalho, Jac Azevedo, Maria das Graças (Preta), Suély Souza

Cenografia: Dedé Carnaúba

Preparação de Elenco: Makarios Maia

Elenco

Maria das Graças (Preta) - Mãe

Maria Eduarda - Aparecida criança

Maria Fernanda - Aparecida adulta

Adryan Gabriel - Osvaldo criança

Ranieri Fernandes - Osvaldo adulto

Heslley Fernandes - Maurício

Maria Francisca - Rezadeira

Joaquim Francisco - aprendiz da rezadeira

Figurantes: Martins Gomes, José Fernandes, Mylton Otaviano, Jefferson Fernandes, João Batista (Dodoca)

Figurino: Jacquesiane Azevedo

Maquiagem e Cabelo: Franceíres Cristina

Edição: Fernando Suassuna

Finalização: Levi Ferreira

Identidade Visual: Oito Quatro Design

Acessibilidade: Modo Acessível

Assessoria Jurídica: Daltro | Marinho | Siqueira

Assessoria de Imprensa: Sollar Comunicação

Redes Sociais: Byanca Vanderlei

Distribuição: Casa da Praia Filmes

Sobre o Quilombo Boa Vista

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário é uma tradição que atravessa gerações, com 160 anos de história viva. Ligada às raízes do povo negro e à resistência das comunidades, ela representa a fé, a cultura e a identidade de um povo que nunca deixou de acreditar.

A comunidade da Boa Vista, que faz parte com muito orgulho da Irmandade do Rosário de Jardim do Seridó, celebra essa festa com dedicação há 21 anos. Desde então, a Boa Vista se tornou um verdadeiro símbolo de amor à tradição, mantendo viva uma cultura passada de pais para filhos com respeito e devoção.

O povo da Boa Vista é conhecido pela sua união, simplicidade e força comunitária. Cada detalhe da festa é organizado com esforço coletivo — desde os preparativos até as celebrações religiosas e culturais.

Todos participam: jovens, idosos, crianças e famílias inteiras. É esse espírito de união que faz a festa acontecer todos os anos com ainda mais beleza.

Sobre Buca Dantas

Buca Dantas é cineasta.  Em tv  foi produtor, roteirista e diretor do "Brasil Total" (Tv Globo); e consultor de "A Cor da Cultura" e "Revelando os Brasis" (Canal Futura). É roteirista e diretor de "Fabião das Queimadas" (DocTV/MinC). Criador do Cinema Processo, com o curta "Viva o cinema brasileiro!" e da série "Micro Doc". Diretor e roteirista do curta "Deus Castiga" e dos docs "Santos Mártires", "Terra do Mel" e "O som do silêncio", a estrear.

Trailer do filme:



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Sessão Solene na Câmara dos Deputados celebra os 35 anos do SUS

  O evento contou com a presença do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e reuniu parlamentares, autoridades, profissionais de saúde e convidados

Na tarde desta segunda-feira (29), o Plenário Ulysses Guimarães, da Câmara dos Deputados, em Brasília (DF), foi palco da sessão solene em homenagem aos 35 anos do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa foi proposta pela deputada Ana Pimentel, autora do requerimento que possibilitou a solenidade.  

A parlamentar abriu a sessão e destacou que o SUS nasceu do ventre da democracia, e representa muito mais do que uma política pública, sendo um verdadeiro projeto de país. Para ela, "celebrar os 35 anos do sistema é também celebrar a própria democracia brasileira, reafirmando que o SUS como um pacto civilizatório é um dos maiores instrumentos de redução das desigualdades sociais já construídos pelo Brasil". 

O evento contou com a participação do ministro Alexandre Padilha, parlamentares, autoridades, profissionais de saúde e convidados. Em seu discurso o ministro destacou conquistas recentes conduzidas pelo Ministério da Saúde, como a eliminação da transmissão vertical do HIV, alcançada em 2025, resultado da ampliação do pré-natal, da testagem em massa e da distribuição gratuita de medicamentos. Ressaltou ainda a atualização histórica do protocolo clínico de câncer de mama, que incorpora novas terapias e amplia o acesso das mulheres brasileiras a tratamentos modernos. 

O ministro também apresentou os resultados do SUS Digital, iniciativa que já realizou mais de 4 milhões de teleconsultas e está promovendo a integração de dados em todo o território nacional. “Estamos construindo um SUS mais conectado, acessível e inclusivo, capaz de reduzir desigualdades regionais e garantir atenção integral em cada etapa da vida do cidadão”, afirmou Padilha. 

Durante a solenidade, o ministro reforçou ainda os quatro grandes desafios que orientam a atuação da pasta: recolocar a saúde no centro da agenda de desenvolvimento econômico; adaptar o SUS às novas demandas das mudanças climáticas e emergências sanitárias; consolidar uma revolução tecnológica, com a expansão do SUS Digital e enfrentar e derrotar o negacionismo que ameaça a ciência e a saúde pública. 

A sessão foi marcada por manifestações de reconhecimento de parlamentares e representantes de entidades como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o Conasems, a Anvisa e a OPAS, que classificou o SUS como exemplo mundial de inclusão e solidariedade. 

Sob aplausos, o evento foi encerrado com a presença do personagem Zé Gotinha, reforçando o legado histórico do Programa Nacional de Imunizações. 

“Defender o SUS é defender a vida, a democracia e a soberania do Brasil. O Ministério da Saúde segue firme no compromisso de fortalecer o maior sistema público de saúde do mundo e de garantir dignidade e qualidade de vida para todo o povo brasileiro”, concluiu o ministro Alexandre Padilha.

Por ASCOM/MS

Foto: Kayo Magalhães/Agência Câmara

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Sargento da PM do RN entre os 10 semifinalistas do maior prêmio literário do Brasil e outras premiações

 Sargento da PM do RN está entre os 10 semifinalistas do maior prêmio literário do Brasil 

O livro "Flor do Mandacaru - O Amor em meio ao Cangaço", primeira obra de autoria do 2º sargento Claudionor de Oliveira Júnior, o "Teimoso Zen" da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, está entre as obras semifinalistas na categoria autor estreante do Prêmio Jabuti de Literatura, o maior e mais tradicional prêmio literário do Brasil, concedido pela Câmara Brasileira do Livro. 

Na primeira seletiva participaram 4.530 obras divididas em 23 categorias (poesia, contos, crônicas, romances, design gráfico, capa e demais). Foram selecionados os dez melhores trabalhos de cada categoria (semifinalistas). No dia 07 de outubro serão selecionados os cinco melhores (finalistas). E no dia 27 de outubro serão anunciados os grandes vencedores de cada categoria numa cerimônia de gala no Rio de Janeiro. 

Claudionor também concorre a outros dois prêmios nacionais: No Prêmio Candango, de Brasília, ele disputa na categoria Melhor Romance. A divulgação dos finalistas acontece nesta quarta-feira (01/09). E tem ainda o prêmio São Paulo de Literatura (também como estreante), com data ainda para ser confirmada.

O romance 

"Flor do Mandacaru - O Amor em meio ao Cangaço" é um romance regionalista tipicamente potiguar, e cujo pano de fundo é a história do cangaceiro Jesuíno Brilhante. 

Também chamado de o "Cangaceiro Romântico", Jesuíno Brilhante nasceu em 1844, na zona rural de Patu, no Oeste potiguar. Virou bandoleiro em 1871 pelo fato de seu irmão ter apanhado no meio da rua e pelo roubo de uma cabra que lhe pertencia. Foi considerado um cangaceiro gentil. Era adorado pela população pobre, pois sempre ajuda os menos favorecidos com alimentos que subtraia dos coronéis quando saqueava os comboios que eram enviados pelo governo para as vítimas das secas, mas que ficavam nas mãos dos poderosos e nunca chegavam à população. Além disto, também era defensor dos fracos, das crianças agredidas, dos velhos e das moças ultrajadas. O cangaceiro foi alvo de uma emboscada em uma área rural da cidade de Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, quando levou dois tiros e morreu pouco depois, em novembro de 1879.

O policial 

O 2º sargento Claudionor tem 24 anos de carreira na Polícia Militar do RN. Atualmente é lotado no Batalhão de Policiamento Escolar e Prevenção às Drogas e Violência (BPRED), onde atua como instrutor do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, o PROERD. 

Claudionor também é voluntário da Cruz Vermelha RN e atua como instrutor e coordenador do curso de Atendimento Pré-Hospitalar da CVRN.

Por Anderson Barbosa da Assessoria de Imprensa da SESED/RN

Imagens relacionadas à divulgação

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domingo, 28 de setembro de 2025

OS PRECURSORES DOS ROADIES

 Por Fernando Luiz*

No meu livro Dias Cinzentos, Noites Douradas, lançado em 2021 pela editora Unilivreira, que descreve a cena cultural de Natal no final dos anos sessenta até meados dos anos setenta, eu falo um pouco sobre a função exercida pelos conhecidos “arrumadores”, ou seja, os empregados dos conjuntos musicais da época. Cada conjunto musical contava com um ou mais empregados que tinham a função de montar e desmontar os equipamentos e organizar a disposição dos instrumentos durante os ensaios e nos palcos dos clubes por ocasião das festas. 

Os arrumadores – eram chamados assim - com algumas exceções, sempre estavam trocando de conjunto em busca de uma melhor remuneração e entre eles havia os que se destacavam: uns pela competência, outros por serem engraçados e alguns até mesmo porque tinham seu quinhão de fama e se tornaram figuras populares, como Porróca (Os Bambinos),  Kutruko (Os Infernais), Guéri-Guéri (Os Vândalos) Osmar e Miguel (Impacto Cinco), Luís Galo (The Jetsons), Mala Véia (Os Brasas), Capota (arrumador de Os Zíngaros, que ficou famoso quando colocou um teclado novo para lavar e causou um enorme prejuízo a Tiãozinho, dono do conjunto) e Mundoca, que passou por vários conjuntos. O conjunto Apaches tinha dois arrumadores: Enxiridão e Enxiridinho, apelidos colocados em ambos por João de Orestes, porque os dois sonhavam alto: queriam fazer parte do conjunto (o primeiro, de tanto insistir, se tornaria percussionista). Entretanto, o mais popular de todos os arrumadores de Natal era Serenata, que passou por quase todos os conjuntos da cidade e por muitos anos foi o arrumador dos Terríveis; tornou-se famoso por sua competência, por sua simpatia e por gostar de cantar de vez em quando nas festas. Ele foi não só uma figura folclórica, mas também pode ter sido o ser humano mais desafinado que já passou pelos palcos potiguares. 

Com o passar dos anos, a categoria evoluiu e há muito tempo não se usa o termo “arrumador”; hoje existem os roadies.

A expressão “roadie” vem do inglês e trata-se de uma derivação da palavra road (estrada). Há mais de cinquenta anos, por volta da década de setenta, a expressão passou a ser utilizada, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, para apelidar os assistentes que viajavam com os artistas em suas turnês, geralmente em longas viagens de ônibus. Com o passar do tempo, os roadies tiveram suas funções ampliadas e hoje, de modo geral, eles se transformaram em técnicos que viajam com uma banda em turnê e são encarregados de lidar com as produções de shows. Atualmente, os roadies executam toda a pré-produção de um espetáculo musical ou até mesmo teatral, dando apoio na montagem da estrutura dos eventos, inclusive preparando o palco.  Esse ofício gerou importantes nomes para o mundo musical, como Lemmy, que foi roadie de Jimi Hendrix, para citar apenas um exemplo. 

No Brasil, ao longo das últimas cinco décadas, a atividade está sendo cada vez mais reconhecida. Hoje não se usa mais a expressão “conjunto musical” e sim “banda” ou “grupo”. Também a palavra “arrumador” deixou de ser usada e em seu lugar usa-se “roadie”. Mudou a nomenclatura, os profissionais se especializaram e atualmente tudo o que resta nas nossas mentes são vagas lembranças de quem viveu no Brasil em uma época de dias cinzentos (ditadura “braba” onde o pau comia) e de noites douradas (onde a juventude queria dançar, cantar e ser feliz). 

Quem foi jovem em Natal no final dos anos sessenta e início dos anos setenta, e frequentava os clubes da cidade, talvez se lembre dos “baculejos” que faziam jovens chorarem e das desafinações de Serenata, o “roadie” que fazia as pessoas sorrirem.

Instagram: @fernandoluizcantor

*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.

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sábado, 27 de setembro de 2025

Série Sinforosa-4: Mais uma boa de 51 – a camioneta

 Por João Bosco de Araújo

Jornalista  boscoaraujo@assessorn.com  


Não era uma cachaça, mas todas as vezes que Pedro Salviano passava na barreira da guarda rodoviária tinha uma tremenda dor de cabeça. O veículo já estava bastante usado e isso ninguém poderia negar, estava aos olhos de todos. A documentação também estava irregular, embora o código de trânsito naquela época não fosse tão duro quanto o regime.

A camioneta já havia sido batizada pela filha mais nova de Pedro Salviano – Sueli – que a apelidou de Sinforosa. O veículo era o transporte dos trabalhadores da fazenda, dos familiares, dos amigos e vizinhos que semanalmente se deslocavam à feira de Caicó.

Em um certo sábado – como de praxe sem avisar –,  a patrulha  fazia uma blitz na BR 427. Foi quando de imediato o guarda deu sinal, indicando o acostamento.

Aproximou-se e ficou a observar àquela camioneta completamente lotada de pessoas, já bem deteriorada e ainda mais com o emplacamento todo atrasado.

O guarda não hesitou e fulminou: O carro está preso! Todos ficaram inertes com a ordem policial. Porém, Pedro Salviano, com aquela mansidão que lhe era peculiar, respondeu na bucha: Doutor, pois então pode ficar com o carro, tome conta dele! 

O federal não esperava tamanha reação. Levantou o quepe, coçou a cabeça, exclamou aos céus, mordeu os lábios, olhou para um lado, depois para o outro e ordenou : PÁS-SA.

E o velho fazendeiro seguiu sua viagem, com Sinforosa apinhada, cheia de gente! 

                                                                                                Imagem meramente ilustrativa/reproduzida da Internet


*Texto inicialmente publicado em 1995 e em outras postagens, anos depois, no Diário de Natal - coluna "...É!" - página Municípios, também em livro do jornalista Orlando Rodrigues (Caboré) e em assessorn.com

Leia também da Série Sinforosa:

1: "A camioneta do fazendeiro e o homem da bicicleta";

2: "Sinforosa e as bandeiras de A.A.";

3: "Do alto do quebra-cu; Dares pra me ires, quantos qui eres?".

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Revil tem flagrante andando de patinete na capital

 O caicoense saiu recentemente de uma cirurgia no olho e já faz estripulias pelas ruas  

Ninguém surpreende-se mais com as inusitadas aventuras do caicoense Revil Alves que nesta semana foi flagrado andando de patinete elétrico pelas ruas de Natal, aliás Dr. Revil reside na capital mas tem os pés fincados no sertão, de onde nasceu, e preserva esse jeito interiorano.  

Mas o que mais surpreende nesse seridoense é sua disposição política de ser candidato a cada ano eleitoral, em diversos cargos, porém o apogeu foi a vice-presidência da República na eleição de 2010. Na verdade, nessa época, o nome dele foi acatado como pré-candidato à vice-presidente na chapa do advogado Oscar Silva da legenda do PHS, o que não se concretizou por causa de renúncia do candidato à presidência da República  na última hora. 

Não, Revil não desiste de ser candidato, tanto que ultimamente o blog Assessorn.com disse que Dr. Revil estava aposentado de ser candidato, o que de imediato o próprio respondeu ao blog: "não tem essa conversa de aposentadoria, porque em 2026 vou sair para senador" e completou afirmando que apenas aguarda a confirmação da pré-candidatura para governador de um amigo que também vai indicar o partido. 

"É esperar pra ver", disse empolgado com mais uma candidatura, ainda mais agora que está vendo tudo, como ele relevou após uma cirurgia de catarata do olho. 

Além da formação acadêmica de Bacharel em Ciências Jurídicas, Revil é radialista, jornalista, marketeiro, aposentado público federal e dono de um extenso currículo com mais de 200 títulos.                                                               Foto enviada ao blog

Leia mais: 

- Revil Alves questiona título de segundo potiguar a assumir presidência do País;  

- Revil Alves surpreende e ganha aposta como candidato a deputado federal pelo RN; caicoense agora se aposenta da política;

- Revil Alves lança candidatura à Presidência do Caicó Esporte Cube;

- Revil e Miguel Mossoró articulam dobradinha nas eleições do RN;

- Revil Alves não acerta na mega sena, mas sorteio milionário sai para apostador do RN;

- Revil Alves conclui curso da Escola de Fé e Política com turma da Catedral.


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Autora potiguar Vanessa Augusta lança livro sobre a Economia do Cuidado

 

A autora potiguar Vanessa Augusta lança, no mês de outubro, o seu primeiro livro de ficção “Eu sou o animal da minha mãe”. A obra tem como tema central a economia do cuidado, abordando os efeitos sociais, financeiros e emocionais que atingem mulheres que se dedicam a cuidar do outro.

A economia do cuidado abrange as atividades que visam a manutenção da vida e o bem-estar de pessoas, como cuidar de crianças, idosos, doentes ou pessoas com deficiência. Apesar de ser fundamental, esse trabalho por muitas vezes é invisível, não sendo devidamente valorizado na sociedade, e sendo majoritariamente realizado por mulheres, acarretando desigualdades sociais e econômicas.

Durante o processo de escrita Vanessa mergulhou em uma vasta pesquisa sobre relações familiares. Entre conversas com diversas mulheres sobre o universo da maternidade, leituras reais e ficcionais, e escutas sobre o tema, a autora foi construindo o seu enredo.

“Meu desejo era fugir da ideia de maternidade convencional, aquela que santifica a mãe. Eu sempre quis fugir desse lugar. E quando as mães não amam? E quando as mães não estão preparadas para serem mães? E quando a mãe não cuida?”, questiona a autora.

O livro se desenrola entre as lembranças da infância de A. e o momento atual, quando ela está cuidando da mãe na velhice, e os papeis do cuidado se invertem. Agora, sendo ela a cuidadora, ela deixa a mãe passar por algumas situações desconfortáveis que ela viveu, como uma espécie de vingança. Ao mesmo tempo, ela ainda assim, cuida de quem não cuidou dela.

“Acredito que essa história é bastante ambivalente, porque ressalta as faltas que existem nessa relação, ao mesmo tempo que a filha idealiza como seria ter uma mãe que a amasse. Ou, pelo menos, que a amasse como ela gostaria de ser amada.”, complementa Vanessa.

A beleza e potência do livro “Eu sou o animal da minha mãe” está na falta de respostas, na crueza e na poética da narrativa, porque mesmo sendo uma história dura e triste, a obra traz pinceladas de beleza. Uma pureza infantil de olhar para vida com algum mistério.

Siga: @vaguta___

Luciana Oliveira/Assessora de Imprensa

luciana@sollarcomunicacao.com.br

imagem relacionada à divulgação/caroline-macedo


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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Educandário Santa Teresinha de Caicó recebe homenagem em sessão solene da Assembleia Legislativa do RN

 Deputado Adjuto Dias homenageia o Educandário Santa Teresinha de Caicó na Assembleia Legislativa pelo seu centenário

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte realizou, nesta terça-feira (23), uma sessão solene em homenagem ao centenário do Educandário Santa Teresinha de Caicó. A iniciativa foi proposta pelo deputado estadual Adjuto Dias (MDB) e reuniu autoridades, representantes da comunidade escolar, ex-alunos, professores e familiares que fizeram parte da história da instituição.

Fundado há 100 anos, o Educandário Santa Teresinha consolidou-se como referência no ensino potiguar, sendo responsável pela formação educacional e moral de diversas gerações. Ao longo de sua trajetória, a instituição se destacou pelo compromisso com a qualidade de ensino e pela contribuição direta ao desenvolvimento social e cultural do Rio Grande do Norte.

Falando em nome da Assembleia Legislativa, o deputado Adjuto Dias enalteceu o papel das pessoas que contribuíram ao longo da história centenária do Educandário Santa Teresinha. No entendimento do parlamentar, “a grandeza de uma instituição se mede também pela vida e missão das pessoas que a conduzem” e, por isso, o parlamentar prestou homenagem às personalidades que marcaram a história da instituição e da Congregação das Filhas do Amor Divino. 

Durante a solenidade, foram lembrados os professores, gestores, funcionários e estudantes que marcaram a história centenária da instituição, ressaltando o papel da escola na formação de cidadãos conscientes e preparados para os desafios do futuro.

Discursando em nome de todas as homenageadas, a irmã Juliana Alves Pimentel agradeceu pela iniciativa do deputado Adjuto Dias em propor a homenagem e relembrou a história do Educandário. 

“Como discípulas seguidoras de Jesus, não buscamos reconhecemos humanos, mas quando eles vêm nos incentiva a nos mantermos no caminho certo e nos faz sentir aceitos, amados e comprometidos. Firmamos nosso compromisso de continuar firmes em nossa missão educativa seguindo as orientações de Madre Francisca Lechner, nossa fundadora. Que Deus abençoe todos nós”, disse a irmã Juliana Alves Pimentel.

- Blog do jornalista Heitor Gregório

JBAnota - O Educandário Santa Teresinha foi inaugurado em 11 de outubro de 1925, no governo do caicoense José Augusto Bezerra de Medeiros (1923 a 1925), e foi o primeiro estabelecimento de educação católica destinada à educação feminina em Caicó e região do Seridó, como também o primeiro da Congregação Filhas do Amor Divino instalado na região Nordeste do Brasil, que posteriormente, em 1932, foi fundado em Natal o Colégio Nossa Senhora das Neves.

- MINHA MÃE: Alzira Tavares de Araújo fez seus estudos iniciais no Santa Teresinha, ainda na primeira década do educandário, em Caicó, de onde ela sempre comentava das irmãs(freiras) estrangeiras que lecionavam no colégio e das amizades que fez, embora a maioria das meninas fosse filhas de famílias abastardas da cidade, e agradecia pela nobreza de seus pais - meus avós - por garantirem os estudos aos quatro filhos, porque os outros irmãos homens estudaram no Colégio Diocesano, tempos depois.

Vídeo da solenidade reproduzido do Instagram do Colégio N.Sa. das Neves: 



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terça-feira, 23 de setembro de 2025

Mais uma perda na música potiguar com a morte de Romário Lima, a voz sui generis e fundador da banda

 "A expressão sui generis é utilizada para definir algo único no seu gênero, ou seja: algo estritamente peculiar. Na música, por exemplo, várias vozes foram consideradas sui generis: no cenário internacional, podemos citar como exemplos Louis Armstrong  por seus “rasgos” vocais e Barry Gibb, dos Bee Gees, pelo seu falsete; no Brasil, Tetê Espíndola e Edson Cordeiro também podem ser considerados possuidores de vozes sui generis, juntamente com Ney Matogrosso", este início do texto do artigo de Fernando Luiz, desta semana, descreve também a trajetória de outros intérpretes potiguares que se destacaram neste gênero musical, e lamenta a morte do cantor Romário Lima, um dos fundadores da banda natalense "Sui Generis", ainda na década dos anos setenta.

Ainda segundo Fernando Luiz, no ano passado Romário descobriu que estava com câncer e viajou para São Paulo para se tratar, mas infelizmente perdeu a batalha contra a doença, falecendo nesta sexta-feira, 19 de setembro.

"Romário Lima, a voz sui generis nos deixou", finaliza o texto. 

- Confira aqui o artigo.

- E neste vídeo uma narração da trajetória do cantor Romário Peixoto Lima:

Imagem e vídeo retirados da Internet

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População de Natal e o protesto contra a PEC da blindagem e anistia

 "Domingo de praia num mar de gente em Natal!"

Fazia muitos anos que os movimentos de esquerda não conseguiam mobilizar tanta gente nas ruas quanto no último domingo (21). Mas, desta vez, não se tratava de uma pauta ideológica, nem de uma disputa entre direita e esquerda. O que levou o povo a protestar foi a indignação contra a chamada PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

As pesquisas e os monitoramentos nas redes sociais mostram algo claro: a sociedade brasileira é majoritariamente contra as duas iniciativas. Mesmo assim, a Câmara dos Deputados aprovou a PEC da Blindagem e, para agravar a situação, aprovou também o regime de urgência do projeto da Anistia.

Ulysses Guimarães, figura histórica na redemocratização do País, costumava dizer que “a única coisa que causa medo em político é o povo na rua”. O domingo 21 mostrou que, quando a indignação supera barreiras ideológicas, a sociedade ainda sabe se mobilizar. O recado foi dado. Falta saber se terão a coragem — ou o temor — de ouvi-lo.

- Blog do jornalista Heitor Gregório

imagem relacionada à publicação

Vídeo por Assessorn.com/Portal OPotiguar: Domingo de praia num mar de gente em Natal


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domingo, 21 de setembro de 2025

ROMÁRIO LIMA: A PARTIDA DE UMA VOZ SUI GENERIS

 Por Fernando Luiz*

A expressão sui generis é utilizada para definir algo único no seu gênero, ou seja: algo estritamente peculiar. Na música, por exemplo, várias vozes foram consideradas sui generis: no cenário internacional, podemos citar como exemplos Louis Armstrong  por seus “rasgos” vocais e Barry Gibb, dos Bee Gees, pelo seu falsete; no Brasil, Tetê Espíndola e Edson Cordeiro também podem ser considerados possuidores de vozes sui generis, juntamente com Ney Matogrosso.

Na década de oitenta, período áureo das bandas de baile do Rio Grande do Norte, nosso estado também teve a oportunidade de conhecer pelo menos três intérpretes que tinham vozes sui generis e que se destacaram com suas vozes diferenciadas, cantando em falsete.

Fernando Luna, que fez parte do Impacto Cinco e dos Terríveis, se destacou por sua extensão vocal cantando em falsete e deixando impressionado a quem o assistia. Na época, outro “crooner” de conjunto musical também chamava a atenção pelo seu falsete: Joãozinho, que fez parte dos Impossíveis e teve uma passagem por uma banda chamada... Sui Generis.

A banda Sui Generis era formada por Romário (teclados e vocal), Rogerio (guitarra e vocal), Joãozinho (guitarra e vocal), Beto (bateria e vocal), e Paulo (contrabaixo). Em 1978 a banda se mudou para São Paulo, onde participou de diversos programas, entre os quais O Clube do Bolinha e a Buzina do Chacrinha. No ano seguinte a banda lançou o seu único disco, um LP. 

Nos anos oitenta todos da banda já estavam morando outra vez em Natal e seus componentes se dispersaram; enquanto Romário montou outra formação para a Sui Generis, Joãozinho se juntou aos irmãos Júnior, Kaká e Carlinhos e formaram a banda Grafith em 1988. Algum tempo depois, com a extinção da Sui Generis, Romário migrou para o forró. Depois voltou para São Paulo. Voltando a morar em Natal, fez parte do projeto Estrelas, um grupo formado por ele, Laercio (ex-Banda Mix), Leonel Leite (Ex-Impossíveis), Fernando Luna (ex-Impacto Cinco e Terríveis) e Roberto cantor (ex-Terríveis e Impacto Cinco).

No ano passado, Romário descobriu que estava com câncer. Viajou para São Paulo pra se tratar, mas infelizmente perdeu a batalha contra a doença.

Anteontem, 19 de setembro, Romário Lima, a voz sui generis nos deixou.

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*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.


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sábado, 20 de setembro de 2025

Série Sinforosa-3: Do alto do quebra-cu; Dares pra me ires, quantos qui eres?

 Por João Bosco de Araújo

Jornalista  boscoaraujo@assessorn.com  

Sinforosa estava bem usada. O maltrato chegava aos olhos de todos, se bem que esse todo tinha o maior apreço e mesmo com dó não se limitava de nunca deixar de passar a mão, o que a deixava ainda mais sobrecarregada. Não porque o seu proprietário o quisesse, o fato é que a camioneta servia de transporte coletivo entre a cidade e o sítio, uma distância, em média, de 25 km, que nesse trecho percorrido o que não faltavam eram passageiros na beira do caminho a esperar uma carona amiga e social.

Pedro Salviano, implacável ao volante, não hesitava e antes que o passageiro desse o sinal de parar, dava início a brecar o automóvel que, embora caminhasse em marcha lenta, somente iria parar metros após o lugar desejado, forçando o caroneiro a correr até o canto da grade da carroceria e num impulso olímpico conseguir um lugar entre tantos que se acomodavam naquele carro em movimento.

Quantas mulheres grávidas perto de dar à luz, e Pedro Salviano era acordado na madrugada para ir levá-las até a maternidade, em Caicó. Mortos transportados sem caixão para serem enterrados na cidade, em urna da prefeitura. Um costume entre os sertanejos nesse trajeto: bebericar o defunto.

Quantas urgências; fosse uma dor de dente, feridos à bala, colapso ou passatempo, Sinforosa estava ali para transportá-los. Animais: galinhas, porcos, peixes, patos e perus, cabras e ovelhas, Sinforosa também era uma verdadeira Arca de Noé.

O veículo Chevrolet, modelo norte-americano, ano 1951, permaneceu em poder de seu proprietário por cerca de duas décadas, desde o início dos anos 1960 até a década seguinte. Foram anos de resistência aos encalces e trajetos do lugar, cercado de pedregulhos, buracos e lama na época do inverno.

Nas chuvas, Sinforosa ficava a mercê do tempo e do que poderia vir a acontecer. Até que o Açude Itans não sangrasse, o caminho a fazer pelo Rio Barra Nova, bem acima da vazante da Barra da Espingarda. Com o aumento do volume do rio e o açude já cheio, a única solução seria ir pelo “Alto do Quebra-cu”, uma estrada de curvas, pedras e serrotes, que passava pelo sangradouro e depois seguia pela parede do açude. O veículo subia e descia cruzando pontas de pedras e lajes, com solavancos e uma trepidação seqüenciada, tornando uma angústia e dolorosa situação para os passageiros sentados na carroceria.

Fechados os acessos com a sangria do Itans – inclusive pelo “Alto do Quebra-cu” –, o único jeito seria chegar à beira do rio na camioneta e atravessar por meio de canoas, já comercializado o transporte por pescadores do lugar. Do outro lado da margem, o grupo escolar da Barra da Espingarda e o trajeto a pé até chegar ao “Aleijado”, uma casinha na beira da BR 427, cuja calçada era abrigo da espera do ônibus e outros carros para chegar a Caicó.

Terminada a feira, o retorno e tudo se repetia até a morada, já noite. Foi então que aconteceu o inusitado, entre João Pereira da Pedra D’água e “Binô”, um canoeiro nas horas vagas. Como estava bem tarde, ninguém queria fazer o transporte de um lado a outro do rio. Foi sugerido a “Binô”, mas ele não concordou na tarefa salubre. Nesse ínterim, surge João Pereira e sem muita discussão pega o pobre canoeiro e o mergulha no rio, segurando sua cabeça até a altura do pescoço. Ao levantar-se, assustado, olhos arregalados e respirando com dificuldades, ouve de Pedro Salviano, já bem sentado na canoa, a perguntar se a água estava morna. Foi o suficiente para o mal-estar, se bem que o dublê de canoeiro não mais hesitara de transportar os feirantes com destino ao Umbuzeiro.

Nem só de tristeza vivia Sinforosa. Como outra qualquer, vivenciou momentos de pura alegria. Fossem em viagens de casamentos, batizados, festas de aniversários, forrós nos arredores, sempre estava lotada. O surpreendente em tudo isso ficava por conta do seu dono, que não cobrava um tostão sequer pelo custo da viagem. Fosse aonde fosse, com quem quer que fosse!

Entre tantos fatos ocorridos, mais outro surpreendente. Duas moças acabavam de chegar de São Paulo. Embora fossem do lugar, fazia um tempo que moravam na capital paulista e impunham um sotaque sulista na maneira de se expressar.

Na porta do grupo escolar da comunidade Açudinho, as duas sorridentes e elegantes moças levantam e movimentam o polegar esquerdo da mão num trejeito diferente de pedir carona, muito comum em centros urbanos.

Sinforosa é, bruscamente, brecada pelo motorista.

- "Dares pra me ires?"– fuzilou num carregado sotaque baiano-paulista-italiano a feliz e agora sulista-urbana diante de uma camioneta lotada de béradeiros.

Pedro Salviano não titubeou.

– "Ô, cusdiacho! Sobe, a boleia tá cheia!"

E Sinforosa segue viagem, sem constrangimentos, nem arrependimentos e sofrimentos. O Sul maravilha estava mais perto, a civilização já não era um desejo, o sonho de consumo parecia ser uma realidade. Sinforosa chega na cidade. As duas mocinhas, sem a timidez das donzelas, soletram, novamente, ao descerem do carro.

– "Quantos qui eres?" 

Pedro Salviano as observa, abre um sorriso insinuante e responde:

 Na-da!

E dá marcha a Sinforosa, resmungando aos lados.

Essas duas bestas não são as filhas de compadre João Antônio?

Imagem reproduzida da Internet/Meramente ilustrativa 

*Texto publicado no jornal Diário de Natal/DN Seridó em 19/08/2008 e outras postagens em Assessorn.com e sites da capital e Jornal Zona Sul.


JBAnota – Em dezembro de 2009 esse artigo foi republicado em razão de nesse período, o noticiário da região ter se voltado para a construção de uma “passagem molhada” no sangradouro Lagoa Seca, o maior do açude Itans, em Caicó, cujo acesso pelo “alto do quebra-cu”, segundo relatado no texto, tem passagem obrigatória por esse sangradouro. Como também a citação de João Antônio, morador do Umbuzeiro que era contratado pela prefeitura para recuperar as estradas vicinais de acesso a essa localidade, se o ano fosse de bom inverno, de chuvas!

Leia também da Série Sinforosa:

▶ 1: "A camioneta do fazendeiro e o homem da bicicleta";

▶ 2: "Sinforosa e as bandeiras de A.A.".

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