Pesquisadores da UFRN
descobrem que tamanho sugere sexo das flores
Da Agecom, com
informações do professor Carlos Roberto Fonseca
Flores
maiores são mais masculinas, enquanto flores menores são mais femininas, diz um
novo estudo evolutivo desenvolvido por uma equipe multinacional liderada pelo
professor Carlos Roberto Fonseca e o pós-doc Gustavo Brant Paterno, do
Departamento de Ecologia do Centro de Biociências (CB) da UFRN. Os resultados,
obtidos a partir de coleta de centenas de espécies de plantas de vários
continentes, sugerem que flores maiores são produtos custosos de uma intensa
competição entre machos, mecanismo de seleção sexual originalmente proposto
pelo evolucionista Charles Darwin. A pesquisa será publicada online até o dia
27 deste mês na conceituada revista americana Proceedings of the NationalAcademy of Science USA (PNAS).
No
artigo A masculinidade das maiores flores em angiospermas, demonstraram que
flores maiores investem uma percentagem maior da sua biomassa em órgãos
masculinos e em pétalas, para produzir mais pólens e atrair polinizadores que
irão transportá-los para fertilizar plantas vizinhas. Em contraste, flores
menores investem relativamente mais biomassa em órgãos femininos e em sépalas,
para produção e proteção dos óvulos, apostando nas suas próprias sementes para
assegurar seu sucesso reprodutivo.
“Nossos
resultados sugerem que, em espécies de flores maiores, existe uma batalha mais
forte entre as plantas por seus polinizadores. Aquelas que exportam mais pólens
com sucesso, ganham! Um típico processo de competição entre machos” disse
Carlos Roberto Fonseca, o pesquisador sênior que concebeu o estudo. “Para
ganhar, algumas plantas pagam um alto custo, produzindo pétalas enormes e
néctar custosos para atrair polinizadores com alta demanda energética, como
aves e morcegos. Funciona exatamente como os chifres custosos dos veados na sua
batalha por sucesso reprodutivo”, completou.
Para
generalizar suas conclusões, os pesquisadores coletaram flores de tamanhos e
formas distintas, de diferentes linhagens evolutivas, em vários ambientes, de
desertos a florestas tropicais. “O estudo revela um padrão claro diante da
grande variação de estratégias sexuais das plantas que existe na natureza. É
incrível, flores de todos os tipos e lugares, tamanhos e cores, seguem o mesmo
padrão” disse Gustavo Brant Paterno, que liderou a maioria da coleta de dados e
análises durante seu doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ecologia da
UFRN. “Quando padrões similares emergiram de plantas coletadas na América do
Sul, América do Norte, Europa e Austrália, nós ficamos confiantes de estar
olhando para um novo e robusto padrão evolutivo” disse Johannes Kollmann
(Universidade Tecnológica de Munique, Alemanha).
O
pesquisador Mark Westoby (Macquarie University, Austrália), que durante sua
carreira vem procurando características vegetais adaptativas chaves, disse que
“biomassa floral representa uma espinha dorsal previsível por trás da incrível
variação no tamanho, estrutura, forma, cor e estratégia sexual das flores das
angiospermas”. Apesar da relevância desta característica, o artigo ressalta que
“biomassa floral é pobremente representada na maioria dos bancos de dados,
talvez devido a longa tradição da botânica de descrever estruturas florais
através de contagens e medidas de dimensões lineares”.
“O
próximo passo, agora, é investigar as causas evolutivas por trás desta grande
variação da intensidade da competição entre machos entre as diferentes espécies
de plantas” completou Fonseca.
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