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sábado, 25 de fevereiro de 2012

A multidão cantando à capela não estava na planilha dos jurados

Albimar Furtado
Jornalista albimar@superig.com.br

Li ontem, em Woden Madruga, uma frase que pinçou da crônica de Arnaldo Jabor sobre o carnaval. Tá lá escrito que o carnaval deixou de ser vivido para ser olhado. Bate bem com a repercussão do resultado do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro. Reclamação, uma sequer. Nem poderia. Os julgadores estavam ali para fazer o que fizeram. Acadêmicos, estudiosos da estética, dos ritmos, dos movimentos foram frios como pediam as normas e as planilhas que estavam em seus computadores. Estavam ali para olhar, registrar a nota e só.

Ganhou a melhor, a mais bonita, a mais inventiva, a que melhor evoluiu e, de sobra, que homenageou o nosso Luiz Gonzaga.Mas no dia seguinte ao desfile, na terça-feira, o comentário, o entusiasmo, a surpresa, o grande momento do desfile, pelo visto e ouvido, foi a Mangueira e a longa e ousada parada de sua bateria. Emoção pura. Povo cantando, galera vivendo o carnaval, entusiasmo de todos e de quem participava da transmissão. Mas o carnaval, diz a crônica, é feito pra ser visto e uma multidão em coro acaba por desafinar.

Nas linhas das planilhas dos jurados não tinha espaço para emoção, alegria, participação da arquibancada. E a Mangueira não fez um bom desfile técnico, opinião unânime. Tinha que perder no carnaval que é feito para ser visto. Punida, amargando um sétimo lugar, não voltará para o desfile das campeãs. Na Sapucai de amanhã não haverá paradona, não haverá o mundão da arquibancada cantando à capela o samba-enredo, não haverá a emoção, a maior de todas, do carnaval deste fevereiro.
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