Albimar Furtado
Jornalista ▶albimar@superig.com.br
Li ontem, em Woden Madruga, uma frase que pinçou da crônica de
Arnaldo Jabor sobre o carnaval. Tá lá escrito que o carnaval deixou de ser
vivido para ser olhado. Bate bem com a repercussão do resultado do desfile das
escolas de samba do Rio de Janeiro. Reclamação, uma sequer. Nem poderia. Os
julgadores estavam ali para fazer o que fizeram. Acadêmicos, estudiosos da
estética, dos ritmos, dos movimentos foram frios como pediam as normas e as
planilhas que estavam em seus computadores. Estavam ali para olhar, registrar a
nota e só.
Ganhou a melhor, a mais bonita, a mais inventiva, a que melhor
evoluiu e, de sobra, que homenageou o nosso Luiz Gonzaga.Mas no dia seguinte ao
desfile, na terça-feira, o comentário, o entusiasmo, a surpresa, o grande
momento do desfile, pelo visto e ouvido, foi a Mangueira e a longa e ousada
parada de sua bateria. Emoção pura. Povo cantando, galera vivendo o carnaval,
entusiasmo de todos e de quem participava da transmissão. Mas o carnaval, diz a
crônica, é feito pra ser visto e uma multidão em coro acaba por desafinar.
Nas linhas das planilhas dos jurados não tinha espaço para
emoção, alegria, participação da arquibancada. E a Mangueira não fez um bom
desfile técnico, opinião unânime. Tinha que perder no carnaval que é feito para
ser visto. Punida, amargando um sétimo lugar, não voltará para o desfile das
campeãs. Na Sapucai de amanhã não haverá paradona, não haverá o mundão da
arquibancada cantando à capela o samba-enredo, não haverá a emoção, a maior de
todas, do carnaval deste fevereiro.
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