Por Geraldo Anízio*
A maior universidade de
política é o Rio Grande do Norte. Lá teve os maiores acadêmicos da história de Café
Gilho ao Papa Jerimum. O mais comum
linguajar criados de casos
populares, foram aproveitados como slogan em campanhas invencíveis. Os candidatos
ganharam apelidos conforme as características individuais de cada um. Dinarte Mariz
por ser branco e de pele clara, os adversários apelidaram de Rato Branco, Aluízio
Alves, chamaram-no de Cigano Feiticeiro por ter derrotado Dinarte à reeleição
de 1961 a 1966 e, por dizerem que Aluízio
só tinha um pulmão e, de voz rouca, apelidaram-no de Bode Rouco. Dinarte na
campanha para governador nos anos 60s, segundo informações populares, havia ele
dito caso ganhasse a eleição de Aluízio Alves, fecharia a Lagoa de Manoel Felipe
em Natal. Não deu outra, foi o estopim da tomada de campanha do candidato
adversário Aluízio. O povo começou a chamá-lo de Fechador e, Dinarte perdeu feio para Aluízio Alves
o candidato da Esperança.
Mons. Walfredo Gurgel,
não foi diferente, criticado por ser sacerdote e candidato ao governo do Estado.
Por ser conservador e andar popularmente de batina, as más línguas não pouparam
o vigário. Compuseram logo uma música em que havia um trecho que dizia: Quem
foi que disse/ Que deus mandou /Homem de
saia / Pra ser Governador.
Da crítica ao Monsenhor Walfredo
rendeu-lhe o Governo do Rio Grande do Norte. No interior a coisa fica mais
brava e os partidos divergem com bandeiras na frente das casas, e as cores
verde e encarnado. Essas cores na política não podem e nem dever ser
misturadas. Cada um para o seu lado. Em Caicó, as campanhas efervesceram as pessoas
mais pela paixão do partido que pelo candidato.
O populismo trazido por Aluízio
e Dinarte transformou-se em fanatismo político a ponto de eleitores apostarem,
brigarem e morrerem pelos candidatos partidários. Por causa dessas acirradas
disputas eleitoreiras, gerou entre adversárias termos engraçadíssimos. Duas mulheres
trabalhavam na matança fazendo limpeza dos fatos dos bois e vacas mortos ali. Uma
limpava as tripas, a outra pelava os buchos. Numa desavença por discussões
políticas, um delas chamou a outra de: "Você é uma vira-tripa! A outra não
ficou por baixo e respondeu: E você! Sinha pela-bucha!
A partir dessa discussão
estava criado o pseudônimo dos eleitores adversários fanáticos por seus
partidos. Quem fosse do partido de Manoel
Torres, também apelidado de Mané Panela,
era Pela-Bucho; se fosse do lado de Vivaldo Costa, também apelidado de Mãe Pobre
ou Papa Jerimum, chamaria de Vira-Tripa.
Francisco de Assis Medeiros,
candidatou-se a prefeito de Caicó, sendo vesgo, logo o apelidaram de Burra Cega
e não deu outra, o apelido mais a paródia feita por Morais:Arena Verde não vá
roer, eu vou fazer de barro um prefeito pra você. Burra Cega foi eleito
prefeito de Caicó nos anos 70s.
Isso é só um pouco
da política no sertão do Seridó! E você
de qual lado era?
*Geraldo Anízio, seridoense, poeta, educador, é radicado
em Rondônia. Texto publicado em seu blog.
Muito bom! E obrigado por manter viva essas recordações da política e cultura potiguar e seridoense.
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