Por Flávio Rezende*
Os seres que cultivam os
valores humanos tais como fraternidade, tolerância, amizade, pureza,
generosidade, paz, serviço voluntário e os demais que já sabemos, ficam
encantados com lindas fotos, vídeos enobrecedores, frases edificantes e buscam
ajudar ou fazer parte de ações humanitárias, pois, sentem prazer e júbilo no
envolvimento com as coisas do bem.
Esses seres, que existem
espalhados pelo planeta, gostam dos arquitetos que trabalham unindo conhecimento
técnico com projeção de suas obras impregnadas de respeito à natureza e formas
que elevem o pensar e a boa mobilidade de todos. Esses seres curtem quando
todos os profissionais liberais executam seus ofícios levando em conta todas as
nuances positivas e ofertam serviços diversos com o tempero do amor e o açúcar
do humanismo.
Os seres de bons hábitos
e pensamentos altruístas vibram quando pessoas decidem direcionar suas
existências para o universo político, pois acreditam que a difícil decisão,
precisa necessariamente agregar valores missionários, uma vez que esse rumo
constrói ou destrói vários outros caminhos, daí ser fundamental que a política
seja o espaço de almas boas e verdadeiramente servidoras do bem-estar coletivo.
Quando esses seres
observam os movimentos de um semelhante chamado Mujica, que habita ao sul do
continente, entram em êxtase com sua simplicidade, com a dispensa de aparatos
exagerados de segurança, de transporte e de moradia, que apesar de ocupar o
mais alto cargo de seu País, o Uruguai, vive da mesma maneira que antes, não
perdendo nenhuma oportunidade de estar com as pessoas, ouvindo, abraçando,
sorrindo, como um cidadão qualquer, vestindo as mesmas roupas de sempre e
buscando a todo custo melhorar a vida do coletivo.
Seres da seara política
como Mujica, Gandhi, Luther King, Mandela, Lincoln e tantos outros, elevam a
alegria planetária dos seres de bem, que nutrem nestes exemplos suas vidas,
buscando amparo em suas posições, falas e posturas, tornando o planeta mais
lúcido e a história mais bela.
Aqui no Brasil, os seres
do bem ficaram todos animados quando tempos atrás surgiu uma estrela no céu da
política nacional, anunciando uma constelação de novas maneiras de agir e um
modus operandi ético e cheio de esperanças para um novo cenário.
O tempo passou,
importantes e salutares políticas públicas foram implementadas, o céu estava em
constante êxtase até que as nuvens negras começaram a surgir encobrindo o
límpido e apreciado azul celeste.
No começo os seres
acreditavam que aquele extraordinário líder não sabia de nada, ouviam suas
desculpas e promessas de afastamento das nuvens negras, mas, infelizmente, a
tempestade foi aumentando, novos temporais surgindo de todos os lados, enchentes,
todo tipo de precipitação apareceu e, o líder, encharcado, começou a vacilar,
uma conversa aqui, outra diferente ali, até que a nação, vítima do dilúvio,
entendeu que o meteorologista sabia sim de tudo, mas não podia informar e nem
medidas tomar para estancar as águas, pelo simples fato de estar todo molhado,
impossível fazer algo, era parte do temporal e só lhe restava bazofiar.
Hoje os seres de bem
lamentam a perda de um Mujica verde e amarelo. O que se apresentou como um
possível líder do bem, não anda mais como antes, perdeu a humildade no caminho,
prefere a companhia dos companheiros filósofos do esquerdismo ineficiente,
buscando inspiração em mumificados sistemas falidos e em decomposição, do que a
companhia do povo, do qual se aproxima apenas para pedir, justo o povo que
tanto lhe deu.
Hoje o que poderia ser o
nosso Mujica distribui frases desconexas e compartilha alegorias vazias para
parte de uma plateia eletrizada e anestesiada, virou um ilusionista, ainda
prometendo requentados paraísos, que teve oportunidade de criar, mas cedeu a
tentação de dominar a tudo e a todos e governar sob o signo da subordinação e
da coação.
Mujica é um homem do
povo e dá sem querer nada em troca, nem para si e nem para os seus, pois não os
tem. Não se apossa dos seres, serve-os com dignidade e humildade
crescentes. O nosso arremedo de líder
perdeu todas as características de suas origens, no vestuário, na aparência,
nos hábitos, sendo hoje um traidor da esposa e da pátria, a mãe maior, posto
que cheio de conversa fiada, não faz um “mea culpa” corajoso e assume que junto
com seu stablishment, equivocadamente projetou tomar posse do Brasil, no lugar
de governá-lo com os valores que alguns acreditam que já teve um dia.
Agora é tarde. A esposa
ainda aguenta a farsa da fidelidade, mas a pátria, acordada, brada aos quatro
cantos: queremos o prometido e não concordamos que práticas condenáveis ontem e
sempre, sejam ainda utilizadas sob o manto da mentira, deixando os seres de bem
decepcionados e os demais sem o mínimo que um bom gestor deve ofertar:
segurança, saúde e transporte de boa qualidade.
Dinheiro tem e muito,
mas o líder se faz de doido e o povo já atento pode sentenciar que doido também
apanha (nas urnas).
*É escritor, jornalista e ativista social em
Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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