Por Paulo Tarcísio Neto
Medicina
UFRN / paulo_tarcisio@hotmail.com
De certa maneira, tal concepção é presente no inconsciente
coletivo: criança saudável é criança gordinha. As coisas, na medicina, não são
bem assim, aliás longe disso: aquelas “dobrinhas” que as avós adoram são uma
bomba-relógio prestes a explodir em alguns anos. São as primeiras sementes de
muitas doenças futuras.
No entanto, não podemos cair no extremismo de querer que as
crianças sejam magrinhas como as modelos. Como tudo na vida, existe um “caminho
do meio”, um equilíbrio que devemos seguir. O que não se pode perder de vista
num exame pediátrico é que criança saudável é criança que cresce.
Trata-se de um marcador fundamental no acompanhamento de
qualquer criança. Do mesmo jeito que quando uma pessoa tem febre é muito
provável que ela tenha uma infecção, se uma criança não cresce da maneira como
se esperava, é bem provável que exista algo errado.
Daí ser tão fundamental visitas regulares ao pediatra ou ao
médico da família. Se você me perguntasse se seu filho de quatro anos e um
metro de altura é ou não saudável eu responderia que não sei. Como ele estava a
um mês atrás? Como ele estava há seis meses? É necessário um seguimento
rotineiro para que se possa tirar alguma conclusão.
A importância disso é que muitas doenças podem ser precocemente
diagnosticadas e, portanto, precocemente tratadas e curadas, podendo-se evitar
que aquela criança leve seqüelas para toda a vida. Se um adulto tem febre,
inicio uma investigação para descobrir qual o foco daquela provável infecção;
se uma criança não cresce, o pediatra ou médico da família logo se pergunta: o
que está errado? Iniciando uma investigação que perpassa desde os aspectos
alimentares até possíveis doenças físicas e sociais.
Logicamente, como tudo em medicina, há exceções a essa regra que
só um pediatra ou médico da família podem identificar. Cada criança tem o que
se chama de um “canal de crescimento” que é aquilo que ela pode crescer se tudo
correr bem na sua infância. O papel dos pais, com o auxílio dos profissionais
de saúde, é garantir que a criança desenvolva o máximo de seu potencial nessa
vida, física, psíquica e moralmente.
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