Aos
Jornalistas Potiguares - sobre o Enjai
“Sonhar já é alguma coisa, mais que não sonhar.”
Beto Guedes
Minha intenção com esta
carta aos jornalistas potiguares é abrir um debate conceitual sobre o Encontro
Nacional de Jornalistas em Assessoria de Imprensa (Enjai), cuja 19ª edição
ocorreu de 22 a 25 de agosto de 2013, no Rio de Janeiro/RJ, sob o tema:
Assessoria de Imprensa nos Grandes Eventos e o Interesse Público do Jornalismo.
A base sindical do
Sindjorn teve direito a eleger quatro delegados ao Encontro, sendo eu um deles,
eleito em assembleia da categoria realizada no dia 23/07, na qual foram eleitos
também Breno Perruci, Nelly Carlos e Ana Paula Costa. As duas últimas não
conseguiram viabilizar suas idas.
O que me motivou a
participar do Enjai foi minha condição de jornalista militante e,
principalmente, o fato de exercer ininterruptamente a função de Assessor de
Imprensa desde 2008, totalizando – com a soma de outros períodos na função –
sete, dos meus 12 anos de carreira.
Foi o segundo Enjai que
fui delegado – o primeiro foi em 2011, em Natal/RN, quando ainda se chamava
Enjac, nome que havia, anos antes, substituído o próprio Enjai, denominação que
voltou a vigorar, a partir de aprovação na Plenária Final de Natal. Fui eleito
delegado também para o Congresso Nacional dos Jornalistas de 2010, em Porto
Alegre/RS, e de 2012, em Rio Branco/AC – não tendo eu ido ao último, por não
ter conseguido me viabilizar financeiramente.
Entendo que a política é
fundamental para acharmos os melhores caminhos para a categoria. Neste sentido,
ela deve estar presente em todos os momentos da Federação e dos sindicatos. No
entanto, pode estar em vários formatos, de forma a melhor aproveitar os
espaços.
A política pura, no
sentido de vivenciá-la, formulando teses e participando de votações, creio,
cabe ao Congresso Nacional dos Jornalistas. Qualquer outro evento que tenha o
mesmo formato como igual instancia passa a concorrer com o Congresso, criando
um modelo confuso. Assim como, se elegêssemos a Diretoria da Fenaj em Congresso
– este passaria a ser eleitoral, fazendo com que todos os presentes
concentrassem suas energias no pleito e nas alianças, deixando de lado algo
importante, a discussão e aprovação de teses. Felizmente, temos nossas eleições
diretas.
Por este mesmo
raciocínio, creio que o Enjai não deve ter Plenária Final e, por conseqüência,
os sindicatos não devem eleger delegados a ele. Os participantes devem ser
jornalistas observadores que queiram participar do evento. Isso não quer dizer
que a política não deva ser parte do Encontro, claro que deve, mas em um
formato diferente do Congresso.
O Enjai é um evento
importante e sua existência se justifica não só pelo tamanho do setor – grande
- mas principalmente pelos questionamentos equivocados feitos em relação à
existência de prática jornalística na Assessoria de Imprensa, como também pela
sua própria legitimidade histórica.
Proponho um Enjai com
objetivos de reflexões, inclusive acadêmicas – com apresentações de trabalhos -
sobre a função de assessor de Imprensa e sua inserção em outras questões, o que
será possível, com o foco dos participantes em tais reflexões e não em disputas
e alianças – legitimas ou não – para aprovação de teses.
O atual formato gera,
inclusive, uma concentração de energia das lideranças sindicais locais no
sentido de se elegerem delegados, o que é natural, mas que impede, talvez, o
cumprimento de uma série de objetivos do evento, já que os delegados não são
necessariamente assessores – o que os move não é o exercício da função, mas a
legitima disputa política.
Não vejo legitimidade em
um Encontro, aparentemente setorial, com poderes de decidir coisas para a
totalidade da categoria, representada na Federação, implementar. Esta
competência é do Congresso, sobre qualquer área de atuação de jornalistas,
inclusive Assessoria de Imprensa.
Outro modelo bastante
questionável é a composição das mesas – assisti a todas do 19º Enjai. Mais da
metade dos palestrantes representavam patrocinadores do evento que, em suas
falas, expunham produtos – sem espaço, nas mesas, para contrapontos. Entendo
que os patrocinadores devem ter suas marcas expostas em todo o material de
divulgação do evento e pronto. Claro que um patrocinador pode estar em uma mesa
– mas não por tal condição, e sim se o que ele tiver para falar cumpra com o
objetivo de contribuir com as reflexões e lutas dos jornalistas em Assessoria
de Imprensa.
O melhor momento do 19º
Enjai – com o relatado acima, não foi difícil escolher - foi a mesa sobre o
perfil do jornalista brasileiro, quando o professor Jaques Mick, do
Departamento de Sociologia da UFSC, expôs pesquisa feita por aquela
Universidade sobre nossa categoria. Documento importante para nos conhecermos
melhor, entre outras coisas.
As teses aprovadas no
19º Enjai se encontram sintetizadas na Carta do Rio de Janeiro, exposta no site
da Fenaj [fenaj.org.br] e do próprio Enjai [enjai.org.br]. Lá também se
encontra a programação do evento.
Fico à disposição dos
colegas para continuar o debate.
Cordialmente,
Rudson Pinheiro Soares
Meu amigo, acho que vc errou no titulo. O presidente do Sindicato nao eh Breno Perrucci? (Vanilson - Reporter)
ResponderExcluirCaro Vanilson, obrigado pela correção! Na verdade, o presidente do Sindjorn é o jornalista Breno Perruci.
ResponderExcluirSempre a disposicao! Obrigado pela deferencia ao responder a pequena e humilde advertencia...
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