Por Fernando Luiz*
Em 1968, a gravadora Odeon lançou o disco Raul Seixas e os Panteras, que não fez sucesso. Em 1971, Raul Seixas participou do LP Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, lançado pela CBS, um disco que tinha também as participações de Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star. Com o passar dos anos, o LP se tornaria uma raridade, mas depois do seu lançamento os artistas decidiram se lançar em carreira solo.
Em 1972 Raul Seixas participou do Festival Internacional da Canção defendendo a música de sua autoria Let me Sing, Let me Sing. A música não ganhou o festival, mas empolgou o público; começando com uma introdução de Rock pesado, na segunda parte o ritmo passa a ser um autêntico baião nordestino. Posteriormente, a canção foi incluída no LP Os Grandes Sucessos do FIC 72 e no mesmo ano lançada em compacto simples pela gravadora Philips. Embora a música tenha obtido um sucesso razoável, não foi suficiente para catapultar a carreira do artista baiano, que conquistaria em definitivo o sucesso com a música Ouro de Tolo em 1973.
O capixaba de Cachoeiro de Itapemirim – terra de Roberto Carlos - Sérgio Moraes Sampaio, compositor de blues, samba, rock e bolero, conquistou visibilidade nacional com a música Eu quero é Botar Meu Bloco na Rua”, no Festival Internacional da Canção do Rio de Janeiro em 1972. A música não ganhou o festival, mas conquistou o público e se tornou um sucesso estrondoso em todo o país. A Censura e o público na época não perceberam que, nas entrelinhas, a canção era um protesto contra a ditadura militar. Por conta do sucesso da música, o artista capixaba gravou o primeiro álbum da sua carreira pela Philips, que foi um fracasso de vendas. Sergio Sampaio teve uma carreira marcada por conflitos com as gravadoras, o que lhe valeu o rótulo de “maldito”. O artista morreu aos 47 anos em decorrência de uma pancreatite.
A paulista Miriam Ângela Lavecchia, conhecida como Miriam Batucada, além de cantora e compositora também foi apresentadora de TV. Ganhou o apelido de "Miriam da Batucada", (por causa de sua técnica de batucada com as mãos) da também apresentadora Cidinha Campos e passou a adotá-lo como nome artístico. Lançou vários compactos com poucas vendagens e repercussão, mas sempre esteve presente em programas de TV. Morreu em 1994.
Edivaldo Souza nasceu em Juazeiro, na Bahia em 10 de janeiro de 1938. Ainda adolescente iniciou sua carreira participando do programa A Hora da Criança, na Rádio Sociedade da Bahia. Depois trabalhou em circos, e também em rádio e televisão. O teatro de revista e o cabaré foram as maiores influências na sua carreira, na qual sempre manteve um estilo debochado. No final dos anos 60, já usando o nome artístico de Edy Star, Edivaldo mudou-se para o eixo Rio de Janeiro. No Rio, passou a se apresentar inicialmente na Praça Mauá e posteriormente em locais frequentados pela alta sociedade. Algum tempo depois começou a se dividir entre o Rio de Janeiro e são Paulo. Também participou da montagem nacional da peça The Rocky Horror Show. Gravou um álbum autoral, Sweet Edy e continuou trabalhando com teatro e televisão. Na década de 1990 mudou-se para a Espanha, onde trabalhou com teatro e como produtor de shows em boates de Madrid. Retornou ao Brasil depois de quase 20 anos naquele país e retomou sua carreira de cantor, lançando de um novo disco, Cabaré Star, em 2017. Edy Star morreu em São Paulo, no dia 24 de abril deste ano, de insuficiência respiratória, insuficiência renal aguda e pancreatite aguda.
A resposta da pergunta que dá título a este artigo é esta: Edy Star foi um cantor, compositor, ator, dançarino, produtor teatral, apresentador de TV e artista plástico que, além do seu talento e sua versatilidade extraordinária, ficou famoso por ter sido o primeiro artista brasileiro a revelar e exibir ostensivamente a sua homossexualidade.
Instagram: @fernandoluizcantor
*Fernando Luiz: Cantor, compositor, escritor e produtor cultural. Formado em Gestão Pública, apresenta o programa Talento Potiguar, aos sábados, às 8h30 na TV Ponta Negra, afiliada do SBT no RN.
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