Publicado na
Scientific Reports, catálogo reúne todas as sequências de siRNAs capazes de
inativar o SARS-CoV-2
Pesquisadores
da área de Bioinformática do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) publicaram
hoje (23/04), na Scientific Reports – periódico científico que faz parte do
grupo Nature Research – um catálogo com todas as sequências de siRNAs capazes
de inativar o SARS-CoV-2 (novo coronavírus) e, assim, contribuir para o
desenvolvimento de fármacos para o tratamento da doença.
Com
acesso aberto e gratuito, o estudo é intitulado A Small Interfering
RNA (siRNA) Database for SARS-CoV-2. Desenvolvido em 2020, o trabalho foi
submetido à revista em outubro e traz um banco de dados completo dos siRNAs (ou
RNAs de interferência, compostos genéticos que inativam genes-alvo) capazes de
neutralizar o novo coronavírus.
“Trabalhos
recentes, dos últimos cinco anos, têm testado estas moléculas em experimentos e
têm alcançado resultados promissores. Esse tipo de tecnologia também tem sido
utilizado ao redor do mundo para o desenvolvimento, em nível de teste, de
remédios para HIV e hepatite, por exemplo”, comenta o professor Jorge Estefano
Santana de Souza, coordenador da pesquisa e professor do Centro Multiusuário de
Bioinformática (BioME), um dos núcleos do IMD, unidade acadêmica da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Segundo
Inácio Medeiros, estudante do doutorado em Bioinformática do BioME e primeiro
autor do artigo, o catálogo auxiliará, por meio de uma série de informações,
pesquisadores do mundo inteiro a desenvolverem estudos e soluções de
enfrentamento ao SARS-CoV-2.
Segundo
Inácio Medeiros, estudante do doutorado em Bioinformática do BioME e primeiro
autor do artigo, o catálogo auxiliará, por meio de uma série de informações,
pesquisadores do mundo inteiro a desenvolverem estudos e soluções de
enfrentamento ao SARS-CoV-2.
“Você
passa a ter acesso não apenas às sequências de RNA, mas a diversas outras
informações, como indicadores de homologia, eficiência, toxidade, entre outras.
Esses dados facilitam muito o trabalho de pesquisa, pois possibilitam uma
filtragem mais rápida de quais moléculas testar em bancadas de laboratório,
facilitando o trabalho de indústrias farmacêuticas, por exemplo” aponta
Medeiros.
Jorge
Estefano, também comentando sobre o avanço que o trabalho proporciona para as
pesquisas de medicamentos contra o SARS-Cov-2, afirma que “com o catálogo em
mãos, os laboratórios podem escolher, segundo suas expertises, as moléculas
para o desenvolvimento de seus remédios, e isso já é 30% do processo de criação
de uma droga desse tipo. O que restaria seriam os testes clínicos e o
acompanhamento do nível de toxicidade da molécula escolhida, para, assim,
seguir com a criação efetiva do medicamento”, explica.
Medicamentos
e vacina
Desde
o ano passado, pesquisas científicas contribuem para o desenvolvimento de
vacinas que promovem a prevenção de Covid-19, mas, segundo Estefano, é natural
e necessária também a criação de medicamentos para a doença.
“Com
o surgimento das vacinas já temos o método preventivo, mas o que temos de
pensar é que esse novo vírus pode virar sazonal e, portanto, infectar
anualmente a população. Precisamos, portanto, de formas de medicar e tratar as
pessoas já infectadas, e os remédios feitos com base nos RNAs de interferência
– cuja produção é muito mais rápida do que a dos medicamentos convencionais – é
uma boa solução para isso”, enfatiza o docente.
Ele
ainda destaca a relevância da disponibilidade aberta do catálogo com as
sequências de siRNA capazes de inativar o SARS-CoV-2. “Em vez de fecharmos
nossa tecnologia e extrair patentes ou moléculas próprias, o que estamos
fazendo é disponibilizando informação para que todos aqueles que têm condições
deem esse retorno à sociedade, especialmente nesse contexto pandêmico em que
vivemos”, enfatiza.
O
trabalho de pesquisa também foi fruto de parceria com três pesquisadores da
área de genética da Universidade Federal do Pará (UFPA), além de também ter
contado com a colaboração da professora do BioME Beatriz Stransky.
Contatos para
imprensa:
Pesquisador Inácio
Medeiros: (84) 9 9930-6313
Assessoria de
Comunicação IMD/UFRN – Yuri Borges: (84) 9 9481-4401
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