No
Brasil, cerca de 930 adolescentes e jovens dão à luz todos os dias, totalizando
mais de 434,5 mil mães adolescentes por ano. Este número já foi maior e agora
está em queda. Ainda assim, o Brasil registra a maior taxa entre os países da
América Latina e Caribe, chegando a 68,4 nascidos vivos para cada mil
adolescentes e jovens. Para reduzir ainda mais estes casos, o Ministério da
Saúde e o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos lançam, nesta
segunda-feira (03/02), uma campanha para prevenir a gravidez precoce: “Tudo tem
seu tempo: Adolescência primeiro, gravidez depois”. Afinal, a gravidez não
intencional nesta fase pode trazer consequências para toda a vida.
“Não
há nenhuma política que seja única. E essa comportamental é muito importante e
nunca foi feita. Estamos com o olhar para os números e suas consequências”,
destacou o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Entre 2000 e 2018, caiu
em 40% o número de bebês de mães adolescentes (15-19 anos). Entre adolescentes
menores de 15 anos a queda é de apenas 27%. “Este é um contingente de
adolescentes que ninguém quis abordar”, enfatizou apontando que já houve
avanço, mas ainda há um caminho grande a percorrer.
A
ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, reforçou
a importância do esforço conjunto para mudar os números de gravidez na
adolescência. “A nossa motivação são as crianças e a vida delas, por isso,
queremos conversar, refletir e chamar todo mundo para essa conversa”, frisou.
Com
base em informações de saúde e comportamentais, a proposta é despertar a
reflexão e promover o diálogo entre os jovens e as suas famílias em relação ao
desenvolvimento afetivo, autonomia e responsabilidade. E, ainda, incentivá-los
a buscar orientações nas unidades de saúde sobre as formas de se prevenir.
Assim, os adolescentes poderão tomar decisões, de forma mais consciente, sobre
a vivência da sua sexualidade, de forma segura, responsável e com conhecimento
sobre seu corpo. A ideia é disseminar informações sobre medidas preventivas e
educativas que contribuam para a redução da gravidez na adolescência.
A
ação faz parte da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência,
instituída pelo Governo do Brasil, no ano passado, por meio da lei nº 13.798. A
campanha é voltada para adolescentes, jovens, pais ou responsáveis. Será
veiculada durante todo o mês de fevereiro na Internet, incluindo redes sociais,
mobile e aplicativos, além de minidoor social e ações de merchandising na TV
aberta.
O
Ministério da Saúde também estuda formas para ouvir e envolver os adolescentes
e jovens cada vez mais na formulação de ações de cuidado em saúde direcionadas
a eles.
ASSISTÊNCIA
COM AUTONOMIA E PROTAGONISMO
O
Governo do Brasil investe permanentemente em políticas de educação em saúde e
em ações para o planejamento reprodutivo, principalmente para reduzir os casos
de gravidez não intencional. São nos serviços de saúde da Atenção Primária,
àqueles que ficam próximos as casas dos adolescentes e jovens, que eles recebem
o acompanhamento em todas as fases da vida. Entre os cuidados ofertados estão a
assistência à saúde sexual, à saúde reprodutiva, ao planejamento familiar, ao
pré-natal, ao pós-parto, à saúde da criança e à saúde da mulher e do homem.
Mesmo
sem a presença dos pais ou responsáveis, os adolescentes a partir de 15 anos
podem procurar a unidade de saúde mais próxima para se informar sobre os
cuidados em saúde, e em conversa com os profissionais de saúde, podem diminuir
dúvidas e ansiedade, tornando-se mais seguros e confiantes sobre seu
desenvolvimento afetivo e direitos sexuais. Os profissionais ainda poderão
orientar sobre as intervenções adequadas dentro do plano de vida
individualizado de cada adolescente. Em caso de início da vida sexual, a
orientação pode incluir o uso de métodos naturais e de anticoncepção, como os
de barreira (camisinha), hormonais e de longa duração.
Atualmente,
o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta de maneira gratuita nove métodos
contraceptivos que ajudam no planejamento familiar. São eles: anticoncepcional
injetável mensal; anticoncepcional injetável trimestral; minipílula; pílula
combinada; diafragma; pílula anticoncepcional de emergência (ou pílula do dia
seguinte); Dispositivo Intrauterino (DIU); preservativo feminino e preservativo
masculino.
Estes
métodos contraceptivos estão acessíveis aos adolescentes nas unidades de
Atenção Primária, incluindo testes rápidos para infecções, mesmo que estejam
desacompanhados. No caso de alterações, os pais ou responsáveis são acionados.
Outra
iniciativa do Ministério da Saúde, em parceria com os estados e municípios, é o
Programa Saúde na Escola. Trata-se de uma estratégia que aborda, inclusive, a
prevenção da gravidez na adolescência dentro da linha de ação sobre Direitos
Sexuais e Reprodutivos e Prevenção das Infecções Sexualmente Transmissíveis e
HIV/Aids. No ano passado, foram realizadas mais de 26,8 mil ações em Direitos
Sexuais e Direitos Reprodutivos e Prevenção das IST/AIDS em mais de 10 mil
escolas pactuadas em três mil municípios, chegando a 1,5 milhão de estudantes.
GRAVIDEZ
NA ADOLESCÊNCIA
Em
2018, cerca de 15% do total de nascidos vivos foram de mães com idade até 19
anos, segundo dados preliminares do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos
(SINASC). Embora o número de gestações na adolescência venha caindo no país –
passando de 721.564, em 2000, para 434.573, em 2018 –, o Brasil ainda possui
taxa de 68,4 nascimentos para cada mil adolescentes e jovens mulheres entre 15
e 19 anos. O índice é elevado na comparação com a taxa mundial, de 46
nascimentos, e fica acima da média latino-americana (65,5 nascimentos).
Estudo
da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em parceria com o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (UNICEF), publicado em 2018, aponta que a
gravidez na adolescência ocorre com maior frequência entre as meninas com menor
escolaridade e menor renda, menor acesso a serviços públicos, e em situação de
maior vulnerabilidade social.
De
acordo com a pesquisa Nascer Brasil 2016, do Ministério da Saúde, 66% das
gestações em adolescentes não são planejadas. Ainda, cerca de 75% das mães
adolescentes estavam fora da escola, segundo a PNAD 2013, o que pode sugerir
consequências sociais e econômicas, além de emocionais, para as mães
adolescentes.
Há
ainda riscos para o recém-nascido. Estudo do Ministério da Saúde, chamado Saúde
Brasil, indica uma das maiores taxas de mortalidade infantil entre mães mais
jovens (até 19 anos), com 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da
taxa nacional, de 13,4 óbitos). Isso porque além da imaturidade biológica,
condições socioeconômicas desfavoráveis influenciam nos resultados obstétricos.
“O
abandono da escola aumenta a mortalidade infantil, gera pobreza. É um ciclo
vicioso e que precisa, de alguma maneira, ser abordado”, enfatizou o ministro
da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
Por
isso, a necessidade de diversificar a abordagem sobre prevenção da gravidez na
adolescência, incluindo, também, componentes comportamentais, de autonomia e de
responsabilização para reduzir os casos de gravidez não intencional na
adolescência. [Fonte: Agência Saúde/Portal do MS]
Foto:
Nicole Beraldo/ASCOM MS
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